Vilamoura posta à venda no mercado mundial do imobiliário

A tão publicitada cidade lacustre ficou pelo caminho. O fundo imobiliário que adquiriu o resort admite financiar a construção a quem tenha dinheiro para comprar o terreno.

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O empreendimento turístico de Vilamoura, com uma área equivalente a oito vezes o tamanho do Mónaco, abriu ontem as vendas, a nível mundial, para a construção de mais 5 mil novas unidades. O fundo imobiliário norte-americano Lone Star, novo dono do resort, promete colocar a região em novos mercados. Caiu o projecto da cidade lacustre idealizada por André Jordan surgindo, em versão minimalista, “paisagens lacustres” rodeadas por apartamentos e moradias.

Os campos de golfe e a marina são os dois elementos centrais da operação de marketing que foi agora lançada. O ministro da Economia, Pires de Lima, associou-se ao evento, realizado numa tenda junto à marina, e chamou a si os louros da captação deste investimento, dizendo que foi ele quem foi “bater à porta” dos norte-americanos. Para já, não estão previstas grandes melhorias de infra-estruturas ou equipamentos públicos que visassem a requalificação do empreendimento. A excepção é o espaço envolvente à marinha, onde vão ser construídos um Yacht Club, spa, ginásio, restaurantes e lojas.

Na primeira fase, vão ser postos à venda cinco loteamentos – cujas áreas variam entre as 60 unidades habitacionais (para turismo residencial) e as 300. “Alguns já têm dono”, adiantou ao PÚBLICO o director de Vilamoura, Frederico Pedro Nunes, à margem do evento. O embaixador dos EUA em Lisboa, Robert Sherman, foi um dos convidados da cerimónia, que contou com a presença de alguns conhecidos agentes imobiliários.

O fundo Lone Star, representado por Paul Taylor (proprietário do Monte da Quinta, situado na Quinta do Lago), comprou Vilamoura há cinco meses por 200 milhões de euros - um terço do valor em que o empreendimento tinha sido avaliado cinco anos antes. A ideia dos novos accionistas, explicou Frederico Nunes, não é construir directamente mas sim “proporcionar investimentos seguros” aos clientes. O fundo imobiliário, gerido por uma comissão executiva, “não financia a compra do terreno, mas pode financiar a construção”, adiantou.

A criação da “Cidade Lacustre” lançada por André Jordan no âmbito do projecto Vilamoura XXI previa a construção de 17.500 camas, distribuídas por oito áreas urbanas. Agora, os novos accionistas, por uma questão de custos, optaram por desenvolver o projecto “Vilamoura Lakes”, que incluirá 250 mil metros quadrados de paisagens naturais, 1900 unidades residenciais e cinco empreendimentos turísticos com 3600 camas. O ministro Pires de Lima destacou, na ocasião, a importância dos “mil milhões de euros” a investir neste empreendimento com 1700 hectares. Por seu lado, Frederico Nunes, precisou que os  “mil milhões referidos são o valor da totalidade do investimento”.

As novas construções anunciadas não são acompanhadas de melhorias em equipamentos colectivos. A Inframoura, empresa que gere as infra-estruturas, registou entre 15 de Julho a 15 de Agosto 473 mil automóveis a circular no anel à volta da marina, com os crónicos engarrafamentos. O director do empreendimento reconhece que se trata de “um problema” que já sentiu na pele, mas ainda não tem solução para o resolver. “Temos algumas ideias, mas temos de conversar com a câmara de Loulé", disse.

Por seu lado, o presidente do município, Vítor Aleixo, socialista, disse aos norte-americanos que o resultado do acto eleitoral que se aproxima não terá influência nos investimentos. “O projecto de Vilamoura foi desbloqueado no outro mandato em que fui presidente de câmara e no Governo estava o ministro João Cravinho [PS]", justificou. Mas de uma coisa o autarca diz não abdicar: “A construção do novo Hospital Central é uma das nossas bandeiras”. A captação de turistas, enfatizou, passa por garantir serviços públicos de saúde com qualidade .

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