Japão reactiva nuclear quatro anos após Fukushima

Decisão do governo muito contestada pela população. Uma das vozes mais críticas é a de Naoto Kan, que era primeiro-ministro em 2011.

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Várias pessoas protestam num acampamento próximo da central Issei Kato/Reuters

O Japão reactivou um reactor nuclear pela primeira vez desde o desastre de Fukushima, em 2011. A opinião pública contesta a decisão, mas o primeiro-ministro, Shinzo Abe, garante que as novas medidas garantem total segurança.

O governo e grande parte da indústria do Japão querem reactivar as centrais nucleares para cortarem nas facturas da energia, mas as sondagens indicam que a maioria da população está contra essa medida, quatro anos depois do terramoto seguido de tsunami que provocou um desastre nuclear em Fukushima.

Apesar dos protestos, a empresa Kyushu Electric Power começou os procedimentos para a reactivação do reactor n.º 1 da sua central de Sendai, num processo que só ficará concluído dentro de alguns dias.

As autoridades que supervisionam as centrais nucleares japonesas garantem que as novas medidas de segurança impedem a repetição de um desastre como o de Fukushima, mas a maioria da população não acredita.

"Vocês têm de mudar os locais de evacuação de acordo com a direcção do vento. O actual plano não faz sentido nenhum", disse Shohei Nomura, de 79 anos, que trabalhou numa fabricante de equipamentos para centrais nucleares e que agora vive num acampamento perto da central de Sendai, na ilha Kyushu, onde várias pessoas protestam contra a energia nuclear.

Segundo o primeiro-ministro, apenas os reactores que passem "nas regulamentações mais exigentes do mundo" serão reactivados, mas os protestos contra a reactivação do reactor de Sendai – o mais afastado de Tóquio – contaram também com a presença de Naoto Kan, que era o primeiro-ministro quando aconteceu o desastre de Fukushima, e que tem sido um dos principais rostos da oposição ao nuclear desde então.

Para além da central de Sendai, outras 24 fizeram um pedido para poderem reactivar os seus reactores, mas todas elas enfrentam processos judiciais, promovidos por habitantes das respectivas regiões.

O terramoto de Março de 2011 no Japão foi um dos mais fortes desde que há registos, e provocou um tsunami que danificou a central de Fukushima. Morreram 15.891 pessoas e 2584 estão dadas como desaparecidas, mas nenhuma das mortes está directamente relacionada com o desastre nuclear. Ao todo, cerca de 160.000 pessoas foram levadas para longe da central, e a maioria ainda não regressou devido aos elevados índices de radiação.

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