Charlot desenterrado

Xavier Beauvois sugere um sentido contemporâneo para Chaplin, e isso conquista.

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O Preço da Fama está do lado dos vagabundos DR

Há um filme de Jerry Lewis, nos anos 60, em que ele alude - numa cena de diálogo entre palhaços, como se fosse Limelight – uma espécie de versão desagradável de Charles Chaplin, o homem que virou costas aos seus admiradores e se refugiou na Suíça.

É a visão americana do exílio de Chaplin, a visão do “fã” descoroçoado. O Preço da Fama é ao contrário, está do lado de cá (da Europa), do lado dos “vagabundos” profanadores de cadáveres, a imaginar a cumplicidade de Charlot com eles. Para além do brilhantismo da história (inspirada num facto verídico), recomposta com vigor e um humor que nunca é troppo, é essa sugestão de um sentido contemporâneo para Chaplin – muito além da simples “cinefilia” – que O Preço da Fama atira para o espectador, e com isso o conquista.

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