Portuguesa entre as vítimas do atentado na Tunísia

Estado Islâmico já reivindicou atentado. Governo ordenou fecho de 80 mesquitas e milhares de turistas estão a sair do país. Mulher portuguesa tinha 76 anos.

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Turistas apreensivos depois do ataque REUTERS/Zoubeir Souissi
Um vidro do hotel  Imperiale Marhaba atingido por um tiro
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Um vidro do hotel Imperiale Marhaba atingido por um tiro REUTERS/Zoubeir Souissi
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AFP/BECHIR TAIEB

O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, confirmou na manhã deste sábado que uma portuguesa está entre as 39 vítimas mortais do atentado na Tunísia. A maior parte das vítimas é de origem britânica, francesa, alemã e belga. A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo calcula que estarão na Tunísia mais de 200 portugueses.

Segundo afirmou José Cesário ao PÚBLICO, "as informações que existem localmente são inseguras", mas confirma-se a morte de uma cidadã portuguesa, de 76 anos, a única que estaria hospedada no hotel Rio Imperial, aconteceu "no decorrer do atentado". A autópsia foi realizada na manhã deste sábado e o ministério dos Negócios Estrangeiros contactou os familiares.

Segue-se, como é habitual, contactos com as agências de turismo e seguros e, depois, a repatriação do corpo. A vítima foi identificada como Maria da Glória Moreira. Passava férias sozinha e estava incontactável desde sexta-feira, foi transportada para um hospital da capital, onde um responsável da embaixada portuguesa na Tunísia acompanhou a autópsia, avançou ainda o governante.

Maria da Glória Moreira, de Vila Nova de Gaia, era professora reformada e estava viúva há dois anos, tendo viajado sozinha na passada segunda-feira para um local que já conhecia bem, uma vez que enquanto o marido foi vivo viajaram para ali ao longo de vários anos, diz o genro à SIC, explicando que foi a primeira vez, desde que tinha enviuvado, que a sogra viajara, escolhendo aquele destino porque ali se sentia segura.

O genro contou ainda que quando a família falou com a antiga professora percebera que estava contente e já tinha feito amigos. "Estava tudo bem", resume o homem. Para a família, esta viagem foi como um "retomar a vida", já que não o fazia desde que o marido morrera.

Estado Islâmico reivindica atentado
O grupo extremista autoproclamado Estado Islâmico (EI) reivindicou o atentado de sexta-feira contra um hotel perto de Sousse, na Tunísia, num comunicado difundido por contas jihadistas na rede social Twitter. Entretanto, os turistas estão a sair do país e o primeiro-ministro ordenou o fecho de 80 mesquitas que "incitam ao terrorismo" e reforçou a segurança em pontos considerados "sensíveis".


“O soldado do califado (…) Abou Yahya al-Qayrawani (...) atingiu o objectivo no hotel Imperial”, matando 39 pessoas, “a maior parte delas nacionais dos estados da aliança que combate o Estado do Califado”, refere o texto do Estado Islâmico divulgado nas redes sociais. O ataque visou “antros [de] fornicação, vício e apostasia na cidade de Sousse” e foi levado a cabo “apesar das apertadas medidas [de segurança] em torno destes antros na praia de Kantaoui”, acrescenta a nota.

O ataque de um homem armado contra o hotel Riu Imperial Marhaba, em Port El Kantaoui, na costa oriental, a 140 quilómetros a sul de Tunes e nos arredores da estância turística de Sousse, causou 39 mortos, segundo um balanço provisório citado pela AFP. O atirador, que perpetrou o ataque vestido como um turista, foi morto pela polícia.

Mesquitas fechadas
Neste sábado, o primeiro-ministro Habib Essid anunciou que 80 mesquitas serão fechadas por "incitarem ao terrorismo" e acrescentou que vai recorrer a militares na reserva para reforçar a segurança em "pontos sensíveis".

Na noite de sexta-feira, o governante informou que a maioria dos mortos era de origem britânica, alemã, belga e francesa. Pelo menos cinco britânicos e uma irlandesa estão entre as vítimas mortais, revelaram as autoridades daqueles países. 

Entretanto, os turistas estrangeiros começaram a sair das estâncias turísticas tunisinas em direcção ao aeroporto de Enfidha, entre Tunes e Sousse. O êxodo começou na sexta-feira e continuava na manhã deste sábado. Os voos destinam-se a Londres, Manchester, Amesterdão, Bruxelas e São Petersburgo. Também o operador turístico Thomson anunciou, neste sábado, o envio de dez aviões para a Tunísia para repatriar 2500 turistas britânicos. 

"Temos medo, ficarmos não é seguro", disse um turista do País de Gales à AFP. "A nossa agência aconselhou-nos a regressar de imediato ao nosso país", revelou um outro turista de origem belga.

Recorde-se que o turismo é muito importante para a economia local e contribui com 15,2% para o Produto Interno Bruto (PIB).

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