Portugal perde estatuto de maior fornecedor de Angola

Coreia do Sul e China ultrapassaram Portugal, que assistiu a uma queda de 2,1% na venda de bens para o mercado angolano no primeiro trimestre.

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Com estes resultados, Portugal passou a representar 10,9% das importações para território angolano AFP

Portugal perdeu, no primeiro trimestre, o estatuto de maior fornecedor de Angola, tendo sido ultrapassado pela China e pela Coreia do Sul. A queda de 2,1% na venda de bens para aquele país africano e o significativo aumento protagonizado pelos seus concorrentes ditaram este desfecho.

De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, noticiados pela Lusa e consultados pelo PÚBLICO, Angola importou 70.033 milhões de kwanzas (558,9 milhões de euros) de Portugal entre Janeiro e Março deste ano, o que significou uma queda de 2,1%.

Mas a grande surpresa foi o facto de estes valores colocarem o mercado nacional na terceira posição do ranking de maiores importadores do país, cabendo agora o primeiro lugar, que pertenceu a Portugal durante largos anos, à Coreia do Sul e o segundo à China.

Os dados do INE mostram que, no caso da Coreia do Sul (o primeiro da lista), poderá tratar-se de uma situação pontual, já que, até aqui, o país não tem sequer chegado ao ranking dos maiores importadores. No primeiro trimestre de 2015, as vendas que efectuou para Angola alcançaram 137.619 milhões de kwanzas (1099 milhões de euros), mas um ano antes tinham ficado apenas nos 7835 milhões de kwanzas (62,6 milhões de euros).

Já o caso da China tem um histórico mais sólido, visto que o país tem andado sempre colado a Portugal neste ranking. Até que, nos primeiros meses de 2015, ultrapassou mesmo o mercado nacional, alcançando vendas para a Angola no valor de 107.601 milhões de kwanzas (859,2 milhões de euros).

Com estes resultados, Portugal passou a representar 10,9% das importações angolanas, quando no primeiro trimestre de 2014 tinha um peso de 18,4%. A China escalou de 11,8% para 16,8%, embora a Coreia tenha protagonizado a subida mais acentuada: de 2% para 21,5%.

As séries históricas que constam no site do INE mostram que, pelo menos desde 2011, Portugal liderava este ranking, embora tenha vindo a perder quota. Nesse ano, a fatia das importações angolanas asseguradas pelo país era de 16,6%, tendo subido para 18,7% em 2012. No ano seguinte, caiu para 16,5%, tendo terminado 2014 com um peso de 15,9%.

Já a China, que em 2011 representava apenas 8,9% do total de bens importados por Angola, cresceu logo para 12,2% no ano seguinte e, no final de 2014, pesava 13,3%, após um crescimento acentuado de quase 30% no valor das transacções comerciais.

A Lusa recorda que os ministros da Economia de Angola, Abraão Gourgel, e de Portugal, António Pires de Lima, presidem a 22 de Junho, em Luanda, à assinatura do memorando de entendimento de constituição do Observatório Empresarial dos dois países, que vai acompanhar os investimentos portugueses em Angola e angolanos em Portugal. No mesmo dia, além da criação formal, terá lugar a sua primeira reunião anual.

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