O bingo dos lugares-comuns

Um filme-catástrofe que é, ele próprio, uma catástrofe.

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Ninguém está verdadeiramente à espera que um filme-catástrofe seja bom, sendo como é uma mera desculpa (a maior parte das vezes esfarrapada) para uma demonstração de efeitos visuais espectaculares.

Mas, que diabo, alguma dignidade também não faria grande mal à coisa, ou pelo menos uma certa despreocupação (como quem diz, isto é tudo cinema, não é para ser levado a sério).

Infelizmente, dignidade é coisa que não se encontra nesta reimaginação do velhinho Terramoto de Mark Robson, desta vez com o sul da Califórnia a ser aniquilado por uma erupção da falha de San Andreas e com o sensurround de feira substituído pelo 3D. É puro disaster porn, espectáculo gratuito da destruição da civilização ocidental tal como a conhecemos encenado sob a fachada de uma possível (mas fraquíssima e bastante inapropriada) “comédia do re-casamento” entre um piloto dos bombeiros (o ex-wrestler Dwayne Johnson) e a sua ex-mulher (Carla Gugino) que se juntam para salvar a filha adolescente da catástrofe. San Andreas é perfeito para jogar o bingo dos lugares-comuns, sem sequer sentido de humor que o salve: ao fim de dez minutos já toda a gente fez linha, ao fim de meia-hora bingo, e depois é só repetir até ao final do filme. Entre este e o hilariante 2012 de Roland Emmerich, venha o diabo e escolha.

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