Le Pen cria nova aliança parlamentar para a extrema-direita europeia

Grupo atingiu os requisitos mínimos exigidos pelo Parlamento Europeu e dará agora força aos partidos eurocépticos e anti-imigração em Estrasburgo.

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Le Pen cumpriu o objectivo anunciado há um ano: juntar as formações de extrema-direita numa aliança parlamentar europeia Emmanuel Dunand/AFP

Marine Le Pen cumpriu esta semana a promessa de criar um novo grupo de partidos eurocépticos e anti-imigração no Parlamento Europeu. Ao lado de outras figuras da extrema-direita europeia, incluindo Geert Wilders, o polémico líder do partido anti-islâmico holandês, Le Pen anunciou nesta terça-feira em Bruxelas a criação do grupo Europa das Nações e das Liberdades. O grupo terá 36 deputados europeus representando sete Estados-membros diferentes.

A nova aliança parlamentar poderá agora candidatar-se a um financiamento de até 17,5 milhões de euros ao longo dos próximos quatro anos, de acordo com o think tank Open Europe. Para além disto, os seus membros passam a ter mais tempo para as intervenções em plenário e ficam em melhor posição para integrarem os vários comités parlamentares de Estrasburgo.

“Agradeço a Martin Schulz [presidente do Parlamento Europeu] que, por nos tratar como subdeputados e nos perseguir com a sua administração, nos deu a energia necessária para formarmos este grupo forte, determinado, coerente e ambicioso”, disse Marine Le Pen nesta terça-feira. Geert Wilders, a seu lado, completou: “Hoje é o Dia-D. Estamos no início da nossa libertação.”

Este é um velho projecto de Marine Le Pen. Depois das eleições europeias de Maio de 2014, nas quais a Frente Nacional foi o partido mais votado em França, Marine Le Pen prometeu criar um grupo que juntasse em Estrasburgo a onda de extrema-direita que varreu a Europa. Le Pen demorou um ano a reunir o apoio necessário.

O Parlamento Europeu, que sugere que os deputados se distribuam por grupos parlamentares consoante as suas convicções políticas, exige que um novo grupo tenha pelo menos 25 membros e represente um quarto dos Estados-membros – sete países, portanto. As ambições de Le Pen embateram logo no período pré-eleitoral com o Partido da Independência do Reino Unido, o UKIP, que lidera hoje o grupo Europa da Liberdade e da Democracia Directa, que era até agora a única aliança eurocéptica no Parlamento Europeu.

Nigel Farage, o líder do partido nacionalista britânico, recusou então uma aliança com a Frente Nacional, e acusou o partido de ser preconceituoso e anti-semita. Coincidentemente, foi uma antiga deputada do UKIP que tombou agora a balança para o lado de Le Pen.

Janice Atkinson foi expulsa do UKIP em Março de 2015 depois de um membro da sua equipa ter sido acusado de desviar fundos europeus. Mas Atkinson manteve-se no grupo parlamentar liderado pelo seu antigo partido até esta terça-feira, dia em que anunciou que faria parte da nova formação encabeçada pela Frente Nacional. Com ela, Le Pen conseguiu a representação de sete países europeus exigidos pelo regulamento do Parlamento e a luz verde para a criação do novo grupo. 

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