O elogio da sabotagem

Sempre ágil quando é cómico, sempre justo quando é mais sério, é um filme sobre os primeiros ventos que prenunciam o vendaval dos anos 60

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Sequela de “Esperança e Glória”, que é um dos melhores Boormans depois dos anos 70, “Pela Rainha” recupera a abrir uma das cenas mais libertadoras e subversivas desse filme: o momento em que os miúdos davam vivas a Adolf Hitler ao descobrirem que a aviação alemã tinha bombardeado a escola durante a noite e não haveria aulas nesse dia.

No seu olhar sobre a rigidez da sociedade britânica nos anos 50, corporizada nesse supra-sumo da rigidez institucional que é o exército, “Pela Rainha” afina inteiramente por esse tom, em elogio da pequena sabotagem e do parasitismo de conveniência. Sempre ágil quando é cómico, sempre justo quando é mais sério, servido por actores em pleno domínio das suas personagens, é um filme sobre os primeiros ventos que prenunciam o vendaval dos anos 60 – e se as momices dos protagonistas, oficiais e soldados, por vezes lembram algo tipo “A Hard Day’s Night”, a intenção deve ser mesmo essa: quando o filme acaba estamos a poucos anos da chegada dos Beatles, e dos Stones, e do resto que veio com eles. 
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