Monstro de Frankenstein

O problema de A Promessa de uma Vida em menos de ser um primeiro filme do que de não saber exactamente o que quer ser

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Russell Crowe passa para trás da câmara para contar uma história inspirada pela participação australiana e neo-zelandesa na Primeira Guerra Mundial - e pela batalha de Gallipoli que já inspirou, por exemplo, o seu compatriota Peter Weir.

Mas o problema de A Promessa de uma Vida (mais um daqueles títulos abstrusos em que os distribuidores portugueses parecem ser férteis) vem menos de ser um primeiro filme do que de não saber exactamente o que quer ser.

À volta da história de um rancheiro australiano que perdeu os filhos em Gallipoli e, depois da morte da mulher, decide ir até à Turquia para trazer de volta os corpos, Crowe salta entre o melodrama familiar, a aventura exótica e o filme de guerra sem nunca escolher verdadeiramente qual prefere. Daqui resulta uma espécie de “monstro de Frankenstein” ao qual não faltam ideias – nem oportunidades perdidas, e nem boas intenções desastradamente aplicadas.É nas cenas nas trincheiras de Gallipoli, quer antes quer depois dos combates, que reside o interesse que A Promessa de uma Vida ainda consegue ter, com uma gravidade e uma sobriedade assinaláveis que estão ausentes do resto do filme. 
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