Fachada da Câmara de Matosinhos sofre alterações para acolher futura Casa do Design

Obras de intervenção no topo norte do edifício de Alcino Soutinho visam enobrecer o que até agora foi uma discreta entrada de garagem

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Dato Daraselia

O buraco de grandes dimensões que está escavado junto ao topo norte do edifício da Câmara de Matosinhos não passa desapercebido a ninguém. Mas a garantia oficial é a de que o rebuliço que se instalou não vai descaracterizar o icónico edifício desenhado por Alcino Soutinho. Antes vai enobrecer o que até agora era uma entrada de garagem que passava desapercebida. E a referida “garagem” vai ser transformada na Casa do Design, a terceira peça-chave do projecto Quadra e com o qual a autarquia espera ganhar argumentos sólidos para se candidatar a rede de cidades criativas da Unesco.

A transformação do que foi projectado como garagem numa galeria municipal não é propriamente novidade. Foi lá que foi montada a exposição “15 Tesouros de Matosinhos” que assinalou a passagem dos 500 anos desde a atribuição do foral Manuelino, no final do ano passado. Com a intervenção agora em curso, a antiga garagem da Câmara de Matosinhos passará a ser um espaço de exposição permanente, cujo layout interior vai ser concebido pela Escola Superior de Arte e Design (ESAD) de Matosinhos, parceira da autarquia neste projecto.

As obras em curso deverão durar pouco mais de três meses e estão orçadas em cerca de 145 mil euros para dotar a entrada da galeria com uma grande escadaria cujas paredes e patamares serão revestidos com o mesmo granito “Rosa Monção” que já existe no edifício da Câmara e respectivos espaços exteriores envolventes. O objectivo foi enobrecer e dignificar a entrada da galeria – suprimindo a sua entrada por uma rua lateral à fachada principal do edifício – e retirando o gigantesco portão de garagem para o substituir por uma porta em vidro temperado, pivotante, com molas no pavimento e iluminação indirecta.

Para chamar a atenção dos transeuntes para o que vai ser a Galeria de Exposições vai ser instalada posteriormente uma “escultura de grandes dimensões”, e cuja presença vai ser reforçada com iluminação no pavimento, como se lê na memória descritiva do projecto. Mas para já, confirmou o PÚBLICO junto de fonte da autarquia, ainda não se sabe quem será o autor da peça, assim como também não há data prevista para a inauguração do novo espaço. Certo é que a Câmara de Matosinhos pretende usá-lo exaustivamente para acolher a programação da Capital da Cultura do Eixo Atlântico, que partilha com a cidade de Vila Real em 2016.

A atenção que o executivo matosinhense tem vindo a dar às disciplinas como a arquitectura (com a construção da Casa da Arquitectura no antigo edifício da Real Vinícola) e o design, com um projecto amplo como o Quadra, tem o objectivo assumido de municiar o concelho de argumentos sólidos para a inclusão de Matosinhos na Rede Europeia das Cidades Criativas da Unesco. A candidatura deverá ser formalizada em junho deste ano.

O projecto Quadra, por exemplo, vai desenhar no município uma espécie de quarteirão do design com três peças chave: a incubadora de empresas na área do design que já está a funcionar no primeiro piso do icónico edifício do Mercado Municipal de Matosinhos (custou 381.284,45 euros e foi comparticipada a 85% por fundos comunitários do QREN), o pólo de investigação na área do design (que está a ser construído no antigo edifício da Caixa Geral de Depósitos da Rua de Brito Capelo, orçada em 750 mil euros, também com financiamento do QREN) e agora esta Casa do Design, que servirá como espaço expositivo privilegiado.

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