Monges tibetanos vão fazer teste de patriotismo

A campanha em curso destina-se a fazer com que a população dos mosteiros "sinta o carinho e o afecto do partido e do Governo".

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Os mosteiros têm sido um foco da resistência à presença chinesa no Tibete Claro Cortes/Ruters

Os monges e monjas tibetanas vão ser submetidos a testes de avaliação patriótica e bandeiras chinesas vão ser colocadas nas portas dos mosteiros, anunciaram as autoridades locais.

Segundo um artigo publicado no Diário do Povo (o órgão oficial do Partido Comunista Chinês) e assinado pelo chefe tibetano do partido, Chen Quanguo, está em curso um programa para incentivar o patriotismo na região e para garantir que o Tibete está comprometido com os valores chineses.

Escreve o jornal britânico The Guardian que a decisão de submeter os monges e monjas a avaliações patrióticas destina-se a fazer com que a população dos mosteiros "sinta o carinho e o afecto do partido e do Governo". O artigo de Chen não explica como será feita essa avaliação, mas na China os termos "patriotismo" e "harmonia" são sinónimos de fidelidade às autoridades políticas, pelo que o chefe do partido no Tibete pode estar a referir-se a uma forma de juramento de fidelidade.

O Tibete é uma região de administração especial chinesa. Os tibetanos consideram a China uma potência ocupante desde 1950 — o último líder tibetano, o Dalai Lama, está no exílio desde 1959. Muitos tibetanos acusam o Governo central de pretender aniquilar a cultura local, o que é negado por Pequim.

Manifestações contra o Governo por parte dos mosteiros (o auge delas foi em 2008) e imolações por parte de monges em protesto pelo domínio chinês (desde 2009 foram 130 os monges e monjas a fazê-lo) levaram as autoridades a iniciarem uma campanha de "educação patriótica" destinada a monges e monjas.

As autoridades centrais argumentam que ajudaram o Tibete a modernizar-se. O texto do responsável local do partido diz que esta campanha em curso é mais um passo nesse processo — todos os mosteiros, refere, têm de estar equipados com "bandeiras nacionais, ligações telefónicas, ter jornais e salas de leitura", o que permitirá manter o contacto com os templos e que estes contactem uns com os outros.

Chen — que em 2013 se pronunciou contra o Dalai Lama e disse que este não deveria ser "visto ou ouvido" em todo o Tibete — diz que outras actividades destinadas a "educar [os monges e as monjas] nos temas do patriotismo" também serão realizadas.
 

  



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