Atendimentos na urgência de hospitais privados quase duplicaram desde 2002

Cancro continua a ser a segunda principal causa de morte em Portugal, responsável por um quarto das mortes ocorridas em 2013, a seguir aos acidentes cardiovasculares (AVC) e enfartes. Dados publicados pelo INE por ocasião do Dia Mundial da Saúde, mostram também que a mortalidade infantil e a mortalidade neonatal continuam a baixar.

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Portugal passou a ter mais médicos para atender uma população cuja segunda principal causa de morte continua a ser o tumor maligno Rui Gaudêncio

O aumento do número de hospitais entre 2002 e 2013 foi essencialmente suportado pelo peso crescente dos estabelecimentos privados. Dos 226 hospitais existentes em 2013 em Portugal, 107 eram privados. Um número que aumentou: em 2002, de um universo de 213 estabelecimentos no continente, Açores e Madeira, 94 eram hospitais privados.

Essa maior importância dos privados reflectiu-se igualmente no mapa dos atendimentos de urgência – o número quase duplicou, enquanto a tendência tem sido para uma descida nos hospitais oficiais –, e no número de camas disponíveis para internamento imediato de doentes – que baixa nos públicos e aumenta nos privados.

Os indicadores sobre Saúde, publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta segunda-feira, por ocasião do Dia Mundial da Saúde, que se assinala na terça-feira, referem que os estabelecimentos privados atenderam cerca de 460 mil situações de urgência (6,5% do total) e que esse número aumentou para 900 mil (12,4% do total) em 2013. A tendência, no mesmo período, foi para uma descida nas instituições de saúde públicas – à excepção de 2013 (em que se registou um ligeiro aumento de 1% relativo a 2012).

No continente, continua a ser maior o número de hospitais públicos. Mas nos Açores e na Madeira, a proporção inverte-se, ou seja, a maioria dos hospitais é privada (cinco privados para três oficiais nos Açores e seis para três públicos na Madeira).

Uma maior actividade nos privados também se verificou nos internamentos, consultas médicas, e actos complementares de diagnóstico e terapêutica. Nestes 11 anos sob análise do INE, os actos complementares de diagnóstico mais do que triplicaram, embora 91% dos mesmos continuem a ser realizados em hospitais públicos. E continua a ser nestes que se realizam as grandes e médias cirurgias, em 75% dos casos em 2013.

Mais médicos e menos centros de saúde
Nos dez anos entre 2002 a 2012, o universo dos centros de saúde ficou reduzido – passando de 391 para 387. Mais drástica foi a redução do número de centros de saúde com serviço de urgência básica (SUB) ou serviço de atendimento permanente ou prolongado (SAP): dos 276 existentes em 2002, apenas existem 94. Com internamento, existiam em 2012 17 centros de saúde quando, dez anos antes, eram 76.

Portugal passou a ter mais médicos por habitante, para atender uma população cuja segunda principal causa de morte continua a ser o tumor maligno, com preponderância para as pessoas com mais de 65 anos: em 2013, 24,3% do total de óbitos foram causados por tumores malignos, no mesmo ano em que as principais causas foram doenças do aparelho circulatório (em 29,5% do total de mortes).

Em 2013, havia 4,3 médicos por mil habitantes, quando a proporção em 2002 era de 3,2 profissionais (inscritos na Ordem dos Médicos) por mil habitantes. Também a proporção de enfermeiros aumentou: para dez mil habitantes, passou a haver 6,3 enfermeiros quando esse número era de quatro em 2002.

Entre 2002 e 2013, morreram menos bebés com menos de um ano – a taxa de mortalidade infantil reduziu-se em mais de 50% e a mortalidade neonatal (de crianças com menos de 28 dias) baixou em 60%. Em tendência ascendente estão, por outro lado, as consultas externas em hospitais privados (mais do que triplicaram em 11 anos) ou o número de medicamentos existentes que passaram a ser 8878 (eram pouco mais de 6400 em 2002).

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