Lufthansa conhecia episódio de depressão de Andreas Lubtiz

Co-piloto informou instrutores de voo sobre uma depressão severa em 2009. Seguradoras podem desembolsar um total de cerca de 300 milhões de dólares pelo desastre. Trabalhos de recolha devem acabar a 8 de Abril.

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Os trabalhos avançam mais rapidamente com um novo acesso ao local construído no domingo Claude Paris/AFP

A companhia aérea alemã Lufthansa confirmou esta terça-feira que foi informada sobre um episódio passado de depressão durante a fase de aprendizagem de voo do co-piloto Andreas Lubitz, em 2009.

Em comunicado, a Lufthansa disse que nesse ano, Lubitz informou os seus instructores de voo e apresentou documentos relativos à sua condição médica junto da escola de aviação, para justificar a retoma do seu treino, que tinha sido interrompido meses antes em função de um “episódio severo de depressão”.

O presidente da Lufthansa, Carsten Spohr, disse que toda a documentação relativa a Andreas Lubitz – todos os registos da escola, os atestados médicos e toda a correspondência trocada com o piloto – já foi entregue às autoridades que investigam o acidente do voo 9525 da operadora low-cost Germanwings.

Andreas Lubitz, que deliberadamente manobrou o Airbus 320 contra os Alpes franceses, cumpriu toda a formação que o habilitava como piloto na escola da Lufthansa sem incidentes, e qualificou-se em todos os exames necessários. “Ele foi declarado 100% apto a pilotar, sem quaisquer restrições ou condições”, disse Spohr.

Um milhão de dólares por cada vítima

Um grupo de 30 seguradoras liderado pela Allianz deverá pagar à volta de um milhão de dólares (cerca de 930 mil euros) às famílias de cada um dos 144 passageiros do Airbus A320 da Germanwings, que se despenhou há precisamente uma semana nos Alpes franceses. Ao todo, o grupo de seguradoras deverá desembolsar à volta de 300 milhões de dólares (perto de 279 milhões de euros) para responder a pedidos de indemnizações, às operações de busca e investigação e para compensar a destruição do próprio avião.

A estimativa de uma despesa total de 300 milhões de dólares foi confirmada nesta terça-feira pela Lufthansa, já depois de ter sido avançada pelo diário financeiro alemão Handelsblatt. Este valor é uma estimativa lançada pela Allianz, a seguradora com maior exposição entre o grupo de 30, e poderá ainda estar sujeita a alterações.

“É ainda muito cedo, por isso os valores podem aumentar ou baixar”, afirmou uma fonte ligada ao processo à Reuters. 

O valor a atribuir a cada uma das famílias ainda não foi oficialmente confirmado e, de acordo com o Handelsblatt, este poderá ser ainda maior. A estimativa total contempla ainda 6,5 milhões de dólares para compensar a companhia pela destruição do Airbus A320.

Busca dos corpos termina em breve
Faz esta terça-feira uma semana que se despenhou nos Alpes franceses o Airbus A-320 da Germanwings, matando as 150 pessoas que seguiam a bordo, entre elas Andreas Lubitz, o co-piloto que é acusado de deliberadamente ter provocado a queda do avião. Até agora, as autoridades francesas recolheram 4000 objectos, incluindo destroços e restos de corpos. Espera-se que até 8 de Abril esteja terminada a recolha.

"O repatriamento dos corpos e peças importantes da máquina deve terminar a 8 de Abril”, afirmou uma fonte policial à AFP. Uma vez concluídas estas operações, o trabalho de limpeza do local ficará a cabo de uma empresa privada contratada pela Lufthansa – a operadora aérea alemã que detém a low cost Germanwings.

Até ao momento, identificaram-se 80 vítimas entre os destroços. Espera-se agora que os trabalhos avancem mais rapidamente, uma vez que no domingo foi concluída a construção de um acesso ao local por via terrestre – até agora, só se chegava lá por via áerea. “Trabalhamos mais depressa, até mais tarde e comunicamos mais amostras”, afirmou a mesma fonte à AFP.

Para além do processo de identificação e repatriamento dos corpos, as autoridades francesas têm em mãos outra tarefa importante: encontrar a segunda caixa negra do Airbus A-320. Esta caixa contém os dados técnicos do voo e permitirá aos investigadores determinarem a teia dos acontecimentos que levaram à queda do avião. As autoridades acreditam que a caixa negra esteja enterrada. Por essa razão, avança a AFP, efectuam-se todos os dias “sondagens na terra remexida”.

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