Hillary Clinton procura esvaziar polémica do uso de e-mail privado

Ex-secretária de Estado norte-americana diz que prescindiu da conta governamental por uma questão de "conveniência" e disponibilizou as suas comunicações profissionais e privadas para o escrutínio público.

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Hillary Clinton desvalorizou a polémica e garantiu que todas as suas comunicações estarão acessíveis REUTERS/Mike Segar

A ex-secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton respondeu esta terça-feira à polémica criada pelo uso da sua conta privada de correio electrónico ao longo do seu mandato, frisando que essa prática não é ilegal e que todas as comunicações de âmbito profissional que acumulou na sua conta foram disponibilizadas ao Departamento de Estado, que as tornará públicas.

“Em retrospectiva, teria sido mais fácil ter duas contas de e-mail e andar com dois telefones. Mas por uma questão de conveniência, e porque era permitido, quando assumi o cargo de secretária de Estado optei por continuar a usar a minha conta pessoal”, explicou Hillary Clinton numa conferência de imprensa no final de um evento sobre o “Estatuto da Mulher” nas Nações Unidas, em Nova Iorque.

A revelação de que Hillary Clinton nunca utilizou um endereço electrónico governamental nos quatro anos em que dirigiu a diplomacia dos Estados Unidos foi feita na semana passada pelo jornal The New York Times, que citava peritos classificando essa prática como pouco convencional e justificável, e eventualmente contrária às regras de funcionamento do Governo federal.

Segundo os especialistas, o uso de uma conta privada levanta questões de segurança, por causa do risco de intercepção das mensagens, mas também de transparência, uma vez que os registos da actividade da governante não ficaram arquivados nos servidores públicos.

Hillary evitou falar no assunto até agora. Mas sob pressão para se explicar, procurou esvaziar a polémica, assumindo uma postura calma para desmentir que tenha desrespeitado a lei ou os regulamentos federais e para anunciar que todas as suas comunicações electrónicas profissionais serão tornadas públicas pelo Departamento de Estado, que disponibilizará milhares de mensagens de Clinton numa página da Internet assim que concluir o processo de revisão da documentação fornecida pela ex-secretária de Estado.

As mensagens, confirmou Hillary Clinton, correspondem a mais de 55 mil páginas impressas. Segundo explicou, a maior parte desse material diz respeito a mensagens trocadas com funcionários do departamento de Estado ou de outras agências e organismos do Governo, pelo que essa informação já faz parte do domínio público (uma vez que todas as comunicações que passam pelos servidores governamentais ficam automaticamente armazenadas e disponíveis para buscas nos registos públicos).

Mas a ex-secretária de Estado disse que para que não restassem dúvidas, também disponibilizou as mensagens privadas trocadas no período em que esteve no cargo, nomeadamente as que diziam respeito ao planeamento do casamento da sua filha Chelsea, ao funeral da sua mãe, ou à marcação de aulas de ioga.

A polémica sobre o correio electrónico de Hillary, que os republicanos já transformaram no “escândalo dos e-mails secretos”, ganhou força por causa das especulações sobre uma putativa candidatura de Clinton à nomeação do partido Democrática para as presidenciais de 2016. A sua reacção ao caso, diziam os analistas políticos, seria fundamental para perceber não só a sua vontade de se lançar na corrida, como a sua força eleitoral.

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