Descida do preço do cobre afecta exportações da Somincor

Valor do minério, em mínimos de cinco anos, prejudica vendas da mina situada em Neves Corvo.

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China é o grande consumidor de cobre, usado em sectores como a construção

À boleia da queda abrupta dos preços do petróleo, outras matérias-primas estão também a sofrer uma descida de preços no mercado internacional, como o cobre. Actualmente, este minério está abaixo dos 6000 dólares por tonelada, algo a que não se assistia deste Agosto de 2009. E, se isso afecta grandes países produtores, como o Chile, também Portugal não fica imune, devido às exportações de cobre da mina da Somincor, em Neves Corvo (Castro Verde).

Situada no baixo Alentejo, a mina, privatizada há dez anos, transforma a Somincor (detida pela Lundin Mining) numa presença habitual no ranking dos dez maiores exportadores. Se tivermos em conta que é uma exportadora quase líquida (com muito poucas importações), a sua dimensão nas contas externas do país ganha ainda maior relevância (vende 100% para o exterior, sem que nunca se tenha apostado na transformação desta matéria-prima em Portugal).

A descida do cobre afecta o valor das vendas da Somincor e isso implica, ao mesmo tempo, um impacto negativo para as exportações nacionais. Nos últimos anos, as vendas da Somincor já têm vindo a sofrer uma quebra. Dos 402,7 milhões de euros registados em 2011 passou para 361,4 e 321 milhões de euros em 2012 e 2013, respectivamente.

O PÚBLICO questionou a empresa sobre os impactos dos preços desta matéria-prima, usada em diversos sectores como comunicações e electrónica, construção ou electricidade, mas não obteve respostas. Recentemente, o Estado português concedeu benefícios fiscais à empresa, no âmbito de um novo investimento em Neves Corvo.

Ao PÚBLICO, os responsáveis do International Copper Study Group (ICSG), organismo internacional que compila e distribui informações a nível global (e do qual Portugal faz parte), explicam que o fenómeno de baixa de preços no mercado resulta de uma combinação de factores como o sentimento económico negativo ligado à baixa do preço do petróleo, à valorização do dólar e ao enfraquecimento do crescimento chinês.

“Ouvimos dizer que fundos chineses estiveram muito envolvidos neste movimento de vendas” no mercado, afirmam os responsáveis do ICSG, argumentando que os actuais preços do cobre pouco têm a ver com os fundamentais do mercado (isto é., com a existência de razões mais palpáveis, como uma oferta muito superior à procura).

Durante os primeiros dez meses de 2014, o ICSG verificou que o mercado de cobre refinado “tinha um défice superior a 600.000 toneladas”. E, “embora se preveja um excedente em 2015 – o que é, obviamente, negativo para os preços – isso poderá ser facilmente alterado por algumas grandes interrupções no abastecimento e eventuais adiamentos de projectos mineiros caso os actuais preços se mantenham. Não seria algo pouco usual neste mercado”. "A recente queda de preços tem pouco a ver com o excedente que se antevê em 2015”, sublinha o ICSG.

De acordo com os dados divulgados pela Lundin na quarta-feira, a produção de cobre no quarto trimestre de 2014 foi a maior desse ano, podendo indiciar que a empresa está a colocar mais cobre no mercado para compensar a baixa de preços. Para já, as 51.369 toneladas de cobre tiradas da mina ao longo do ano passado estão dentro do objectivo de 50.000 a 55.000 toneladas traçado previamente.

Já no caso do zinco, outro minério explorado em Neves Corvo, este atingiu no ano passado a sua maior produção de sempre, 67.378 toneladas, acima do objectivo máximo estipulado (65.000 toneladas). O grupo, liderado por Paul Conibear, vai divulgar os seus resultados anuais no próximo dia 18 de Fevereiro.  

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