Pela primeira vez, Cannes tem dois presidentes - os irmãos Coen

24 anos depois da Palma de Ouro, Joel e Ethan Coen presidem ao júri da 64.ª edição do Festival de Cannes.

Foto
Ethan e Joel Coen Max Morse/REUTERS

É a primeira vez bicéfala de Cannes: Joel e Ethan Coen, ou “os irmãos Coen” como são bem conhecidos, são os presidentes do júri do festival de cinema em Maio. Os sucessores de Jane Campion estarão no Festival de Cannes 24 anos depois da sua Palma de Ouro por Barton Fink. “Presidir ao júri é uma honra especial, visto que nunca até agora fomos presidentes de nada”, dizem os Coen. “Emitiremos mais proclamações na altura apropriada”, avisam, presidenciais.

No comunicado lançado esta manhã pelo festival, sabe-se não só do agrado dos irmãos Coen pela escolha, mas também do plano de celebração dos 120 anos da invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumière na 68.ª edição de Cannes. É nesse reconhecimento do “trabalho de todos os ‘irmãos do cinema’ que, desde Louis e Auguste Lumière, enriqueceram a sua história” que se inscreve a escolha dos cineastas norte-americanos que trabalham em dueto. E Cannes lembra-os, dos Coen em 1991 aos Dardenne em 1998 (Rosetta) e 2005 (L'enfant), passando por Paolo e Vittorio Taviani em 1977 (Padre Padrone).

Joel e Ethan Coen trabalham sempre em conjunto, apesar de as suas primeiras obras os distinguirem – Ethan é o produtor, Joel o realizador. Mas com o avançar de uma carreira começada na década de 1980, os norte-americanos passaram a responsabilizar-se mutuamente pelas diferentes funções, ou seja creditam-se em dupla por todo o trabalho autoral de escrita, realização, produção e montagem.

Os irmãos Coen são presenças frequentes na Croisette, à qual já levaram nove filmes na sua carreira – começaram em Cannes com Arizona Junior em 1987, o segundo filme dos irmãos que se estrearam nas longas-metragens com Sangue por Sangue (Blood Simple, no original), e continuaram com os premiados Barton Fink (1991) e Fargo (1996). Estarão agora em Cannes 19 anos depois do prémio de Melhor Realizador por Fargo (que repetiriam em 2001 com O Barbeiro) e apenas dois anos após o Grande Prémio de A Propósito de Llewyn Davis. Pelo meio viajaram até França para integrar a selecção oficial do festival com O Grande Salto (1994), Irmão, Onde Estás? (2000, que o festival destaca por ter sido o primeiro grande papel de comédia de George Clooney), O Quinteto da Morte (2004) e Este País não É para Velhos (2007).   


“O seu estilo atravessa diversos géneros muito variados que questionam todos os mitos da cultura americana”, classifica a equipa directiva do festival no mesmo comunicado desta terça-feira. A nota detalha que os Coen falaram – em uníssono, presume-se – a partir das filmagens do seu mais recente projecto, a comédia Hail, Caesar!, que conta com alguns dos seus colaboradores do costume, como George Clooney ou Josh Brolin.

Em 1994, o festival teve também um júri de duas figuras - mas em dois cargos distintos. Clint Eastwood como presidente e Catherine Deneuve como vice-presidente do júri que daria a Palma a Pulp Fiction, de Quentin Tarantino.

O festival, que decorre de 13 a 24 de Maio, ainda não tem delineada a sua competição e restantes membros do júri – só serão conhecidos em Abril.

Em 2014, o júri de Cannes foi presidido pela neo-zelandesa Jane Campion, a única realizadora com uma Palma de Ouro. A Palma do ano passado foi para o turco Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários