Combate ao desperdício alimentar vai travar-se nas 24 freguesias de Lisboa

O plano que a Câmara de Lisboa quer concretizar até Novembro de 2016 elenca 22 acções a desenvolver, incluindo a criação de um observatório.

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O Plano Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar foi apresentado esta quinta-feira na Câmara de Lisboa Miguel Manso

Alargar o combate ao desperdício alimentar a toda a cidade, através de “uma rede sustentada e sustentável” com núcleos em cada uma das 24 freguesias de Lisboa, é a grande ambição do plano municipal apresentado esta quinta-feira. Entre as 22 acções nele propostas está a constituição de um observatório, ao qual caberá “a sistematização de informação, a promoção de investigação científica e a reflexão no âmbito do desperdício alimentar”.

Aprovado por unanimidade na última reunião da Câmara de Lisboa, o Plano Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar foi dado a conhecer pelo comissário e vereador do CDS João Gonçalves Pereira e pelo vereador João Afonso, que tem o pelouro dos Direitos Sociais. A intenção dos autarcas é que o plano, que resulta de um trabalho conjunto do município com cerca de 70 entidades, seja concretizado até Novembro de 2016, após o que se extinguirá o comissariado, criado em Maio de 2014.

João Afonso lembrou que “há muito trabalho a ser feito na cidade” em matéria de combate ao desperdício alimentar, sublinhando que aquilo que o município pretende com a sua intervenção é contribuir para se “chegar mais longe”.

“Não podemos ser um conjunto de corredores de 100 metros a correr lado a lado. Temos de nos juntar e articular”, afirmou o vereador dos Direitos Sociais, defendendo a importância de se constituir “uma rede de cooperação entre os diferentes agentes”. Outra preocupação do autarca dos Cidadãos por Lisboa é garantir que essa rede abrange toda a cidade de Lisboa, deixando de haver uma cobertura desigual do território.

Já o Comissário Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar destacou, de entre as mais de 20 acções agora propostas, a criação de uma linha telefónica de apoio, através da qual será por exemplo possível alguém inscrever-se para ser voluntário nesta causa ou ficar a saber como pode fazer para doar sobras de uma festa.

João Gonçalves Pereira também relevou a constituição de um observatório, que se pretende que envolva universidades e unidades de investigação científica na produção de conhecimento sobre as dimensões “económica, ecológica e social” do desperdício alimentar.   

Para a elaboração deste plano municipal foram constituídos cinco grupo de trabalho, que desenvolveram trabalho nas áreas de segurança alimentar, voluntariado, gestão da recolha e distribuição, estruturação da rede e sensibilização.

Referindo-se à questão da segurança alimentar, área para a qual estão previstas a elaboração de “uma Carta de Princípios de partilha de responsabilidades e recursos” e a publicitação de todas as normas a cumprir pelos diferentes intervenientes neste processo, o vereador do CDS frisou que esta é uma matéria “incontornável”. “Não podemos facilitar porque o que está em causa é a saúde pública”, constatou João Gonçalves Pereira.    

Para o autarca, o papel do município no combate ao desperdício alimentar deve ser essencialmente de “agregador e facilitador”. João Gonçalves Pereira acredita que o trabalho feito nos últimos meses permitiu chegar, com “zero cêntimos de orçamento municipal”, a um plano “ambicioso” mas “com os pés na terra”. Agora, concluiu, é tempo de “cada cidadão” abraçar esta causa e tornar-se “um comissário do combate ao desperdício alimentar”.   

Presente na apresentação esteve o representante em Portugal da Organização nas Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que disse ter “um grande apreço” por esta iniciativa da Câmara de Lisboa. “É uma iniciativa que aplaudimos, louvamos e integramos”, frisou Hélder Muteia, acrescentando que não ficará admirado “se nas próximas semanas” houver outra cidade a “replicar” o projecto em marcha na capital portuguesa.

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