Apetecia mais realizador e menos realização

Falta um olhar que enquadre os muitos ressentimentos e recalcamentos que ligam as personagens.

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Bennett Miller é um ilustrador simpático - veja-se o seu Capote - mas precisa, como com o Philip Seymour Hoffman desse filme, que lhe tragam personagens pré-fabricadas, ou já prontas a usar.

Apesar do ecletismo do elenco (Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, tudo actores de registos habitualmente dispares), ou justamente por isso, em “Foxcatcher” vê-se mais “interpretação”, mais “performance”, do que personagens, e mais uma espécie de embevecimento perante os actores do que vontade de imprimir uma direcção narrativa forte, ou um olhar que enquadre e enforme os muitos ressentimentos e recalcamentos que ligam as personagens umas às outras.

O argumento indicia virtudes, pelo que é daqueles casos que pareciam pedir mais realizador e menos ilustração.

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