Investimento imobiliário em Portugal cresceu 130% para 715 milhões de euros

Lojas de comércio de rua cresceram e tendência deverá manter-se em 2015.

Foto
Comercio de rua está gerar maior ocupação de lojas. PÚBLICO (Arquivo)

O investimento em imobiliário comercial em Portugal terá atingido os 715 milhões de euros em 2014, de acordo com as previsões da consultora imobiliária JLL no seu mais recente Market Pulse, divulgado nesta terça-feira.

Segundo os dados preliminares para o quarto trimestre de 2014, o volume estimado de investimento, que não inclui o segmento de habitação, registou um crescimento de 130% face ao investimento concretizado em 2013 (312 milhões de euros) e equipara-se aos níveis registados em 2008 e 2010, quando atingiu 704 milhões e 760 milhões de euros, respectivamente.

Nos mercados de ocupação, o ano também foi de acentuada retoma, com a JLL a estimar um crescimento da absorção de escritórios entre os 30% e os 40% e a entrada de um total de mais de 30 novas lojas nas principais zonas de comércio de rua em Lisboa.

Pedro Lancastre, director geral da JLL Portugal, destaca em comunicado que “o volume de investimento no total de 2014 confirma uma retoma plena do mercado imobiliário nacional e da sua projecção internacional, já que a quase totalidade deste volume foi transaccionado por investidores estrangeiros”.

Para este responsável, “2015 terá tudo para dar sequência a este crescimento e poderá ser mesmo um ano recorde em termos de investimento, tendo em conta algumas operações de grande dimensão que estão a ser negociadas e que não foram concretizadas em 2014”. Este optimismo assenta nos “preços competitivos aliados a rentabilidades elevadas e às perspectivas de melhoria das condições económicas que vão continuar a estar na base da aposta que os investidores fazem em Portugal”.

Pedro Lencastre alerta para o facto de “já se começar a assistir a alguma escassez do lado da oferta em termos de adequação aos requisitos da procura, pelo que a pequena dimensão do nosso mercado poderá limitar uma retoma que poderia ser ainda mais expressiva”.

Quanto aos mercados de ocupação, Pedro Lancastre refere que “o ano de 2014 foi a confirmação da inversão do ciclo de queda nos escritórios e consolidou o percurso de crescimento do comércio de rua, com muita procura por parte de lojistas e consumidores. Quer para os escritórios, quer para o retalho, as expectativas são optimistas, prevendo-se que a tendência de crescimento tenha vindo para ficar”.

No segmento da aquisição de imobiliário para investimento (rendimento assegurado pelos rendas), a JLL destaca que 86% do volume investido ao longo do ano é de origem estrangeira, com investidores oriundos de várias partes do globo, incluindo China, EUA, Reino Unido, Brasil, Espanha e também Rússia.

“Os chineses estão entre os mais dinâmicos na compra de edifícios de escritórios com rendimento e bem localizados, alguns do quais com necessidade de obras de modernização”, refere o comunicado da consultora imobiliária.

Entre os maiores negócios realizados ao longo do último ano está um portefólio de imóveis, maioritariamente de logística e retalho, detido pela ESAF, os edifícios da EDP situados no Marquês de Pombal, adquiridos por um fundo institucional americano, e um portefólio de supermercados Pingo Doce adquiridos por um fundo francês. Outras duas transacções de relevo concretizadas em 2014 incluem a venda do outlet Freeport e do centro comercial Alegro Alfragide.

O retalho foi, à semelhança do que é habitual no mercado português, a principal classe de investimento, com 58% do volume transaccionado no ano, seguindo-se os escritórios, com 26%, e o imobiliário industrial e de logística, com um peso de 15%.

Face a este cenário de uma procura dinâmica, as yields registaram uma descida acentuada ao longo do ano de forma generalizada, com reduções que chegam a atingir os 175 pontos base desde o pico registado durante 2013.

Sugerir correcção
Comentar