Álvaro Sobrinho diz assumir todas as responsabilidades no BESA

Ex-presidente do Banco Espírito Santo Angola ouvido no Parlamento.

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O processo contra Álvaro Sobrinho corre há vários anos no DCIAP Raquel Esperança

Logo a abrir a audição parlamentar, o ex-presidente do Banco Espírito Santo Angola (BESA) Álvaro Sobrinho fez questão de salientar o papel da instituição no apoio à economia angolana, “transversal a todos os sectores, embora com mais ênfase em investimentos públicos e empresariais”.

“Durante os dez anos quem que estive à frente da gestão do BESA, mantinha-me informado, sabia o que lá se passava e decidia. Assumo todas as responsabilidades pelas minhas decisões. Tomá-las não era um privilégio, era a minha obrigação”.

Eram 16h06 quando o ex-presidente do BES Angola, Álvaro Sobrinho, entrou na sala 6 da Assembleia da República, onde decorrem os trabalhos da comissão de inquérito à gestão do BES-GES, para dar a sua versão sobre o colapso do grupo.

O banqueiro luso-angolano chegou acompanhado dos seus dois advogados, entre eles Rogério Alves, que se sentou perto dele.

Depois de ler uma declaração escrita, Sobrinho manifestou-se disponível para responder “com factos” às questões dos deputados e afirmou que se absterá de responder a comentários "que lhe tenham sido dirigidos” e que não entrará em “achincalhamentos pessoais”. Para responder aos deputados, promete respeitar as suas obrigações de sigilo perante as autoridades portuguesas e angolanas.

A um pedido de esclarecimento de Cecília Meireles, deputada do CDS-PP, sobre a exposição do BES ao BESA, de 3000 milhões, o banqueiro luso-angolano explicou: "Diria que obedecia a regulamentos próprios de concessão de crédito" e que "havia uma metodologia" de concessão de crédito rigorosa. A linha de crédito do BES ao BESA iniciou-se em 2008 com um financiamento de "1500 milhões" para apoiar o Estado angolano, comprando obrigações públicas com maturidade a 10 anos. Um dos "detalhes da operação" é que o Estado angolano pagou ao BES cerca de 700 milhões de dólares de juros em três anos", mas "o capital é para ser reembolsado em 2018". "Outra parte da linha serviu para apoiar as empresas exportadoras portuguesas." 

Todos os créditos dados pelo BESA, nomeadamente a empresas, "eram reportados ao BES”, que os reportava ao Banco de Portugal, afirmou Álvaro Sobrinho. “Todo o crédito foi reportado sempre às instituições superiores”. “Tínhamos uma base mensal em que reportávamos toda a carteira de crédito”.

E à questão da deputada Cecília Meireles se de facto foram levantados do BESA 525 milhões de dólares por sociedades, respondeu: “Olhe, eu vou dizer o seguinte: nem bancos americanos têm tanto cash… É um absurdo”.

A deputada do CDS-PP inquiriu Sobrinho sobre se o BESA tinha alguma conta ou várias contas no BES, tendo o banqueiro explicado que "o BESA só tinha um banco correspondente que era o BES”. E “todas a funcionalidades” de operacionalidade do BESA eram controladas pelo banco depositante, “neste caso o BES”, garantiu o gestor.

À pergunta da deputada centrista sobre se conhece parte do negócio da Escom e se confirma que foi dado um sinal de 85 milhões de dólares pela venda de 100% desta sociedade (venda que não chegou a concretizar-se), Sobrinho respondeu: “Confiro com certeza”. E quem recebeu o sinal? “Quem recebeu, posso dizer, o destino não sei. Quem recebeu foi a Espírito Santo Resources”.

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