Israel anuncia mais construção em colonatos de Jerusalém

Primeiro-ministro anuncia balões de vigilância e demolições de casas em resposta a ataques levados a cabo por palestinianos.

Har Homa, um dos colonatos onde Israle quer construir mais casas
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Har Homa, um dos colonatos onde Israle quer construir mais casas Ammar Awad/Reuters
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Funeral da quinta vítima do ataque à sinagoga, um polícia druso Jack Guez/AFP
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Dois judeus ultraortodoxos na sinagoga atacada Thomas Coex/AFP
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Familiar de palestiniano que matou três pessoas no ataque ao metro de superfície na casa demolida como retaliação poe Israel Ahmad Gharabli/AFP

O Estado hebraico anunciou a construção de mais 78 novas casas em dois colonatos em Jerusalém, um dia após um ataque que matou cinco israelitas – quatro rabinos e um polícia – numa sinagoga da cidade.

Israel considera que os locais das novas construções, Har Homa e Ramot, são bairros de Jerusalém e não colonatos ilegais à luz da lei internacional. Os palestinianos temem que a construção continuada em volta de Jerusalém Leste acabe por impedir a contiguidade entre o território que querem para um Estado e a cidade que querem para sua capital.

EUA e União Europeia têm reagido mal a anúncios de construção em colonatos, com notícias de um documento da União Europeia propondo mesmo sanções a Israel caso o país leve a cabo acções para dificultar a solução de dois Estados, leia-se, construção em colonatos.

O anúncio surge numa altura de violência diária em Jerusalém, depois de um rapto e assassínio de três adolescentes israelitas em Junho e do assassínio, de retaliação, de um adolescente palestiniano. Depois disso, reivindicações de extremistas que querem que os judeus possam rezar no Pátio das Mesquitas – local que é o mais sagrado para os judeus por ser onde estavam os dois templos (ambos destruídos) – onde está a mesquita de Al-Aqsa, o terceiro lugar sagrado do Islão, levou a protestos dos palestinianos e um extremista tentou assassinar um activista judeu que faz campanha não só pela possibilidade de os judeus rezarem no local como também pela reconstrução do templo, destruído pelos romanos em 70 dC.

Restrições ao acesso de muçulmanos ao local mais estritas também não ajudaram, e a violência repete-se, com ataques esporádicos com facas ou carros lançados contra peões por palestinianos a ocorrerem uma ou duas vezes por semana na cidade.

Após o ataque à sinagoga da véspera, que chocou o país por terem sido mortas pessoas enquanto rezavam (e que sublinhou a viragem do conflito para a vertente religiosa), o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, anunciou medidas de segurança contra ataques, de balões de observação em vários locais de Jerusalém Oriental a demolições de casas de atacantes.

Esta quarta-feira foi demolida a casa do homem que, no final de Outubro, atropelou várias pessoas no metro de superfície matando três pessoas incluindo uma bebé de três meses. Israel tinha suspendido a política de demolições de casas em 2005, dizendo que era contraproducente, mas retomou-a agora.

Habitantes dos dois lados de Jerusalém descrevem um ambiente de medo e insegurança.

Duas amigas encontram-se num centro comercial e não num café e explicam à Reuters porquê: “Aqui sabemos que há segurança”, um guarda que revista as pessoas à entrada (estes guardas estiveram também à porta de cafés durante a segunda Intifada mas com o fim dos atentados suicidas os cafés deixaram de estar guardados). “Continuamos com as nossas vidas, mas com mais cautela”, concluiu Ayala, que não quis dar o seu apelido. “Esta não é a primeira onda de terrorismo. Vem em ondas, e irá acabar. É déjà vu. Sabemos que estamos a viver com pessoas que nos odeiam profundamente.”

“Costumava trabalhar entre judeus, agora tenho medo de se esfaqueado ou atacado”, disse pelo seu lado Imram Abu al-Hawa, um palestiniano de 40 anos que vive em Jerusalém Oriental. “As mulheres têm medo pelo seus filhos à noite – que sejam presos ou atacados”, comentou outro palestiniano, Udai Abu Sbeitan.

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