No estúdio está a força

O melhor de Fado Camané está nas imagens de estúdio. É sair dele que limita o filme.

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A força de alguns momentos captados durante as sessões de gravação do disco de Camané é magnífica. Momentos em que o centro do filme se instala no trabalho, num olhar sobre o trabalho específico (as modulações da voz, a acentuação desta ou daquela palavra) implicado pela gravação de uma canção ou de um conjunto de canções.

Gostávamos que o filme ficasse lá, dentro do estúdio, com a atenção dirigida para esses micro-acontecimentos. Mais sai demasiadas vezes, duma forma que não nos parece muito bem resolvida, para dar a voz ao comentário, e à introspecção de Camané. Que diz sempre coisas interessantes, não é essa a questão, mas num dispositivo que introduz uma certa facilidade televisiva, quase esquizofrénica perante a força da maior parte das cenas registadas dentro do estúdio e durante o trabalho. Não “anula” o filme, longe, disso, mas limita-o bastante.
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