México prende líder do grupo envolvido no desaparecimento dos estudantes

Do paradeiro dos 43 jovens, entre os 17 e os 21 anos, ainda nada se sabe. Novo protesto pede demissão do governador do Estado de Guerrero.

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A manifestação na marginal de Acapulco Claudio Vargas/Reuters

As detenções multiplicam-se, entre membros do grupo criminoso Guerreros Unidos, e agentes da polícia, corrompidos pelo cartel Beltran Leya (de que os Guerreros fazem parte). Dos 43 estudantes desaparecidos há 22 dias nada se sabe. Mas as autoridades acreditam que a última detenção, a do “líder máximo” dos Guerreros Unidos, pode abrir uma nova linha de investigação e permitir chegar “à verdade”.

Sidronio Casarrubias foi detido em Toluca, a menos de 70 quilómetros da capital do México. Chefe dos Guerreros Unidos, é irmão de Mario, fundador deste grupo criminoso (detidos desde Abril), uma unidade local do cartel Beltran Leya. Com Casarrubias foi detido um dos seus principais lugar-tenentes

Para além da extorsão, roubo e assassínios por encomenda, o grupo é conhecido pelas relações que mantém com a polícia municipal de algumas cidades do estado de Guerrero, um dos mais pobres do país (apesar de ali ficar a estância turística de Acapulco), a 270 quilómetros da Cidade do México.

Os 43 jovens, de uma escola de formação de professores na povoação de Ayotzinapa, tinham ido fazer uma manifestação à cidade de Iguala contra reformas previstas na Educação quando desapareceram. No mesmo ataque foram mortas seis pessoas, incluindo um menor de 15 anos. As autoridades acreditam que foram entregues por polícias municipais a membros dos Guerreros Unidos. Dois importantes suspeitos continuam em fuga: o presidente da câmara de Iguala, José Luis Abarca, e a sua mulher, suspeitos de terem laços muito próximos com os criminosos.

Até agora, foram detidas quase 50 pessoas, incluindo 40 polícias. Motivos para o desaparecimento dos jovens ainda não existem, mas os investigadores dizem que há cada vez mais testemunhos da infiltração dos Guerreros Unidos na cidade governada por Abarca. Na quinta-feira, o Ministério da Justiça anunciou a detenção de Raul Nuñez Salgado, suspeito de ser o operador financeiro do grupo, que cada vez entregaria 35 mil euros ao vice-director da segurança pública de Iguala, um dos funcionários municipais que as autoridades federais procuram.

É por tudo isto que este caso tem chocado o México e motivado grandes protestos em diferentes cidades, para além de greves de universidades em solidariedade com os familiares dos desaparecidos. Na sexta-feira, milhares de pessoas voltaram a desfilar em Acapulco, a principal cidade do estado.

“Vivos os levaram, vivos os queremos”, gritaram dezenas de milhares de estudantes, professores e camponeses, que pediram a demissão do governador de Guerrero, Ángel Aguirre Rivero, criticado pela lentidão na resposta e pela gestão que tem feito do caso. “Estamos indignados porque este não é um caso isolado. Muitos de nós são pais, vemos coisas terríveis e queremos lutar”, disse à AFP Magdalena Catalan, uma professora de 34 anos que se juntou à manifestação de sexta-feira.

Mais de 100 mil pessoas já morreram por causa da violência provocada pelo negócio da droga no México desde 2007.

O governador Rivero, que já demitiu o seu secretário para a Saúde por suspeitos “vínculos” com Abarca, diz que se demitiria se isso ajudasse a resolver o caso. Como não vê que ajude, não pretende fazê-lo. “Cheguei ao governo do estado com uma ampla maioria da vontade popular e não mudarei a minha linha para encontrar com vida os jovens desaparecidos”, afirmou, esta semana, a uma rádio local.

Desde o desaparecimento, a 26 de Setembro, apareceram em Guerrero pelo menos dez valas comuns e 28 corpos – de acordo com a procuradoria, nenhum pertence aos estudantes. Há mais de mil polícias federais envolvidos nas buscas, para além de milícias cidadãs que tomaram a cargo a tarefa. <_o3a_p>

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