António Costa deixa sem resposta dúvidas da assembleia municipal sobre a sua continuidade na câmara

O PSD insiste em saber quando é que o autarca vai abandonar o município e diz que Fernando Medina tem “muito a provar em relação à condução política da cidade e do executivo”.

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António Costa só falou aos jornalistas, dizendo que não qualquer impedimento para continuar na câmara Rui Gaudêncio

Aos jornalistas, António Costa ainda deu algum tipo de resposta às perguntas sobre a sua permanência na Câmara de Lisboa. Disse que não há qualquer “impedimento” a que continue, “para já”, a exercer o seu mandato.

Pior sorte tiveram os deputados da Assembleia Municipal de Lisboa, cujas interpelações sobre o assunto foram pura e simplesmente ignoradas pelo ainda presidente do município.

À entrada para a reunião da assembleia municipal desta terça-feira, o vencedor das eleições primárias do PS negou, em declarações à comunicação social, que houvesse algum esclarecimento a dar sobre a sua continuidade na autarquia. “Não há nada a clarificar. O meu mandato na câmara municipal é até 2017, não creio que tenha acontecido alguma coisa que tenha constituído um impedimento para este mandato”, disse.

“Para já exercerei o meu mandato, que é o que me compete fazer”, afirmou ainda, acrescentando que “quando” houver “alguma coisa a clarificar” o fará.

Como já era previsível, no interior da assembleia municipal, os deputados do PSD, mas também do CDS e do BE, voltaram a abordar o assunto, insistindo com António Costa para que esclarecesse quando planeava abandonar a presidência do município.

“Todos têm o direito de saber com o que contam para o futuro da sua cidade”, defendeu o social-democrata Sérgio Azevedo, pedindo ao socialista que clarificasse, “sem rodeios e sem fugas para a frente”, quando vai abandonar a câmara. “É um esclarecimento pela transparência de quem exerce cargos públicos e pela responsabilidade que é devida aos lisboetas”, sustentou o líder da bancada do PSD.

Sérgio Azevedo criticou ainda a “ausência” do presidente da câmara “nestes últimos meses”, dizendo que ela “prejudicou não só o funcionamento da sua equipa como transtornou a vida aos lisboetas”. “A equipa ressentiu-se com a ausência do líder, claudicou, hesitou, desmontou-se”, acrescentou o social-democrata, sustentando que as primárias do PS tiveram um “vencedor”: “a cidade de Lisboa que, finalmente, está perto de ter um presidente que a ela se dedique a tempo inteiro”.

António Costa assistiu a todas as intervenções, ou “declarações políticas” como lhes chama o regimento da assembleia, e no final optou por deixar sem qualquer resposta todas aquelas que tinham a ver com a situação criada pelas eleições do passado domingo. António Costa preferiu centrar o seu discurso na rejeição da necessidade de portagens à entrada de Lisboa e na insistência da oposição do município à privatização da Empresa Geral de Fomento.

O autarca também se pronunciou sobre o Plano de Drenagem, tema que foi suscitado pelo BE. António Costa sublinhou a necessidade de a EPAL clarificar se vai adquirir a rede de saneamento em baixa, através de um acordo que incluiria a assunção pela empresa da responsabilidade pelas obras previstas naquele plano. Se isso não acontecer, afirmou, a autarquia terá de preparar “imediatamente” uma candidatura ao Fundo de Coesão.

A atitude de António Costa não deixou de ser criticada pelo líder da bancada do PSD na assembleia municipal, que em declarações ao PÚBLICO acusou o socialista de ter criado “um tabu que não se compreende”. Em relação a Fernando Medina, Sérgio Azevedo sublinhou que o número dois da câmara tem uma legitimidade “diminuída”, além de ter “muito a provar em relação à condução política da cidade e do executivo”.

Pelo PS, João Pinheiro acusou a oposição de “uma tentativa de aproveitamento político não muito sofisticado”, acrescentando que “o que se perspectiva é uma mudança tranquila”. Já Rui Paulo Figueiredo, líder da bancada socialista, sublinhou que, ao contrário do que foi dito noutros fóruns por elementos de partidos da oposição, “não se coloca nenhum cenário de eleições intercalares” e “não existe nenhum marasmo na câmara nem na assembleia”.  

O deputado socialista considerou ainda que Fernando Medina “será um grande presidente de câmara, na linha de acção de António Costa, João Soares e Jorge Sampaio”. “Sempre que o PS lidera, a câmara avança”, concluiu Rui Paulo Figueiredo, que era apoiante de António José Seguro e que arrancou gargalhadas a todos os presentes quando disse que até domingo estava “muito mais seguro” e que depois disso todos os militantes e simpatizantes do PS “deram à costa”.

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