Três rapazes e três raparigas iranianos foram condenados com penas de prisão e 91 chicotadas por terem realizado um vídeo onde dançam ao som de Happy, música de Pharrell Williams, e que se tornou viral na Internet em Maio deste ano. A aplicação das sentenças ficou suspensa por três anos.

Há quatro meses, um grupo de seis iranianos publicou no Youtube um vídeo onde aparecem a dançar num apartamento e na cobertura de um prédio em Teerão. Nas imagens, rapazes e raparigas dançam juntos e elas têm as cabeças descobertas, sem hijabs (véus islâmicos). O que para qualquer país ocidental seria algo banal, para a lei iraniana é um atentado.

O grupo acabou por ser detido mas não foram, no entanto, tornadas públicas as razões para a detenção. Ainda detidos, os rapazes e raparigas foram forçados a gravar uma declaração onde confessaram o seu crime. A confissão foi depois exibida na televisão nacional.

Os jovens foram mais tarde libertados. Esta quinta-feira, cinco foram sentenciados com seis meses de prisão e 91 chicotadas cada um e um outro foi condenado a um ano de prisão e o mesmo número de chicotadas. O realizador do vídeo, Sassan Soleimani, terá recebido a pena mais pesada. Mas segundo o jornal independente Iran Wire, as sentenças estão suspensas por três anos.

O tribunal considerou o grupo culpado de “participar na realização de um vídeo vulgar” e de “relações ilegítimas entre os seus membros”, avançou a organização International Campaign for Human Rights in Iran.

Desde que o caso se tornou conhecido, o vídeo deixou de estar disponível. No Youtube ainda é possível encontrar imagens publicadas entretanto por grupos de apoio aos seis jovens e que apelaram nos últimos meses à sua absolvição.

Nas redes sociais foram criadas contas no Twitter a condenar as autoridades iranianas e no Facebook o próprio Pharrell Williams publicou um post a lamentar a detenção do grupo por apenas “tentar espalhar a alegria”.

A actuação das autoridades e a decisão da justiça iraniana contrasta com a posição assumida pelo Presidente Hassan Rouhani quanto à relação dos iranianos com a Internet. "Temos que olhar para a Internet como uma oportunidade. Temos que reconhecer o direito dos nossos cidadãos em se ligarem à World Wide Web", disse, citado pela agência noticiosa estatal.

Estas contradições mostram que se mantém activa a tensão entre os membros do governo próximos do Ayatollah Seyed Ali Khamenei e os liberais que compõem o gabinete de Hassan Rouhani.