Silva Peneda: “Normalmente, a dr.ª Ferreira Leite é uma pessoa bem informada”

Ex-presidente do PSD revelou que Portugal perdeu a pasta do emprego na Comissão Europeia porque Passos recusou nome de Silva Peneda.

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Ferreira Leite (ao centro) e Silva Peneda (2.º à dir.) no doutoramento de Juncker em 2013 pela Universidade do Porto Fernando Veludo/NFactos
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Silva Peneda, presidente do Conselho Económico e Social Daniel Rocha

José Silva Peneda não se alonga em comentários sobre o facto de Manuela Ferreira Leite ter revelado que Jean-Claude Juncker o queria para comissário europeu do Emprego, mas implicitamente acaba por confirmar a revelação da ex-presidente do PSD, que na TVI24 disse que Passos Coelho vetou o nome desejado pelo luxemburguês.

“Normalmente, a dr. Ferreira Leite é uma pessoa bem informada”, disse apenas ao PÚBLICO o militante social-democrata e presidente do Conselho Económico e Social (CES).

Na noite de quinta-feira, no seu habitual comentário no programa Política Mesmo, da TVI24, a antiga presidente do PSD afirmou que a pasta do Emprego não estava destinada a Portugal, mas a um português, Silva Peneda.

"No princípio, aquilo que se achava importante é que iríamos ter a pasta do Emprego e dos Assuntos Sociais. Essa era uma pasta realmente importantíssima. Só que essa pasta não era propriamente destinada a Portugal. Era destinada a um português. Era o dr. Silva Peneda"

Ferreira Leite acrescentou que Passos recusou o nome proposto pelo novo presidente da Comissão Europeia e, por isso, Portugal acabou por perder essa importante pasta.

"A partir do momento em que o Governo, com certeza por motivos de natureza nobre, entendeu que o dr. Silva Peneda não servia para aquele lugar, evidentemente que a pasta não era para Portugal. Portanto, perdemos essa pasta", afirmou.

Passos recusa justificar-se
Esta sexta-feira de manhã, em Sernancelhe, o primeiro-ministro recusou responder directamente à questão da pasta.

"Eu indiquei o eng. Carlos Moedas para comissário europeu. Não indiquei nenhuma outra pessoa. Isso não significa que eu tenha de pôr defeitos a outras pessoas que podiam eventualmente ter sido comissários europeus", limitou-se a afirmar. Para Passos Coelho, "felizmente Portugal tem várias pessoas com qualidades e competências suficientes para poder desempenhar cargos internacionais". Mas, sublinhou: "Eu escolhi o engenheiro Carlos Moedas e creio que não preciso de justificar esta minha escolha pondo defeitos em todas as outras possibilidades ou outras pessoas”.

Silva Peneda, que chegou a disponibilizar-se para o cargo comissário europeu, tem sido muito crítico das políticas económicas do Governo enquanto presidente do CES. Peneda é também muito próximo de Jean-Claude Juncker, com quem se cruzou diversas vezes por motivos profissionais, quando ambos foram ministros do Trabalho entre 1985 e 1993.

Desde essa altura, Peneda e Juncker encetaram uma relação de amizade, que foi reforçada entre 2004 e 2009, quando o português era deputado e Juncker o primeiro-ministro do Luxemburgo. No ano passado, o novo presidente da Comissão Europeu foi agraciado com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade do Porto, por proposta de Silva Peneda.

Manuel Ferreira Leite considerou ainda que a pasta atribuída a Portugal, que terá Carlos Moedas como comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação, é uma boa pasta. Afirmou, porém, ser “uma ironia do destino” Portugal ficar com este cargo, uma vez que “a ciência, e nomeadamente as universidades, têm sido dos sectores mais castigados pelo Governo”.

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