Reino Unido diz estar prestes a identificar jihadista que decapitou Foley

Jornais avançam que o principal suspeito é um rapper de Londres. Estado Islâmico controla toda a província síria de Raqqa.

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A decapitação de James Foley pelo Estado Islâmico foi difundida por todo o mundo REUTERS

As autoridades britânicas estão “perto de identificar” o homem coberto de negro e com um sotaque londrino que decapitou o jornalista norte-americano James Foley. A garantia foi dada pelo embaixador do Reino Unido em Washington, Peter Westmacott, em várias entrevistas a televisão americanas.

O carrasco de Foley, membro do grupo Estado Islâmico (EI), que está a conquistar território na Síria e no Iraque e a espalhar no terror nesta região, surge no vídeo da execução coberto dos pés à cabeça – só as mãos e os olhos ficam de fora. Mas os seus gestos – parece ser canhoto – e voz são pistas fundamentais para o identificar.

Pelo que é possível perceber pela sua voz, então, parece jovem, provavelmente terá menos de 30 anos, e tem um sotaque distintivamente britânico, de quem foi educado no Reino Unido desde pequeno, no Sul de Inglaterra ou em Londres.

Os media britânicos estão a avançar que os serviços secretos suspeitam que este homem, a quem baptizaram Jihadi John – os companheiros tratam-no por “John” e integrará um grupo de britânicos apelidados de “Beatles” pelos jihadistas – seja o mesmo que colocou uma foto sua na Internet ao lado de uma cabeça decepada.

Esse homem era um jovem rapper de Londres, de 24 anos, chamado Abdel-Majed Abdel Bary, mas que se apresentava como L Jinny ou Lyricist Jinn. Alguns dos seus singles já tinham sido passados na BBC Radio, diz o jornal The Independent. É filho de Adel Abdul Bary, um refugiado egípcio que é suspeito de se ter tornado um dos mais próximos colaboradores de Osama Bin Laden e foi extraditado do Reino Unido para os Estados Unidos em 2012, acusado de envolvimento nos atentados contra duas embaixadas norte-americanas na África Oriental em 1998.

No entanto, os padrões de voz não são uma bola mágica, que permitam identificar taxativamente uma pessoa. “A maneira como falamos é um comportamento. Não existe algo semelhante a uma impressão digital da voz que permita identificar um indivíduo”, comentou à CNN Elizabeth McClelland, especialista forense na análise de voz, que muitas vezes é chamada a depor como testemunha especializada nos tribunais britânicos.

O embaixador Peter Westmacott sublinhou, no entanto, que o que está em jogo é muito mais do que apanhar “um assassino brutal”. Os serviços secretos britânicos estimam que 500 cidadãos daquele país se tenham juntado ao EI. O diplomata precisou à CNN que a polícia britânica deteve “60 ou 70” destes nacionais, quando regressavam à Europa depois de lutar na Síria e no Iraque com planos para fazer “estragos terríveis”.

Na Síria e no Iraque – o conflito estendeu-se aos dois países – a guerra prossegue, e o EI terá conseguido controlar neste domingo o aeroporto militar de Tabqa, na província de Raqqa. Os combates pelo aeroporto duraram toda a semana, e neles terão morrido mais de 500 pessoas, entre soldados sírios e jihadistas, avança o Observatório Sírio dos Direitos do Homem, citado pela AFP. De todas estas vítimas, 346 seriam membros do EI.

Este aeroporto era o último bastião do regime de Bashar Al-Assad na província de Raqqa, no Nordeste da Síria, agora controlada na totalidade pelo Estado Islâmico. Entre o fim de Julho e o início de Agosto, o EI apoderou-se de duas bases importantes, a 93 e a da divisão 17. Os jihadistas controlam ainda grande parte das províncias de sírias de Alepo (Norte) e de Deir Ezzor (Leste), bem como várias zonas de Hassaka (no Nordeste), para além de grandes parte do Norte e Oeste do Iraque.

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