Só faltam as assinaturas de Guebuza e Dhlakama no acordo de paz em Moçambique

Compromisso deve ser formalizado em breve pelo Presidente da República e líder da Frelimo, e pelo presidente da Renamo, que continua no mato, em parte incerta.

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Homens armados detidos da Renamo MARIA CELESTE MAC' ARTHUR/AFP

O Governo de Moçambique e a Renamo, principal força da oposição e a antiga guerrilha, chegaram a um acordo que pode acabar com os ataques que no último ano e meio causaram dezenas de mortos, milhares de deslocados e perturbaram a circulação rodoviária entre o rio Save e Muxúnguè, que liga o Sul e o Norte do país, afectando a actividade económica.

O acordo prevê uma amnistia para as “acções criminosas” motivadas pela instabilidade político-militar, a aprovar pelo Parlamento, e a criação de uma missão de observadores militares estrangeiros que supervisione o fim das hostilidades e a integração nas Forças Armadas e na polícia - ou a reinserção socioeconómica - dos elementos armados que a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) mantêm autonomamente.

Anunciado a dois meses das eleições presidenciais previstas para 15 de Outubro, o acordo culmina uma maratona de 69 rondas de negociais que se prolongaram por mais de um ano – muitas delas sem que tivesse havido qualquer avanço.

Para que produza efeitos, o compromisso precisa agora das assinaturas finais, que deverão ser feitas por Armando Guebuza, Presidente da República e líder do partido governamental Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), e por Afonso Dhlakama, presidente da Renamo.

"Hoje não assinamos o fim das hostilidades do país. Nós temos, neste momento, a oportunidade de fazer chegar às nossas lideranças [o resultado do acordo] e, a partir daí, haverá um dia oficial que de uma vez para sempre, que é o nosso desejo, irá ser declarado como o fim das hostilidades," disse Saimone Macuiane, deputado e chefe da delegação da Renamo.

Falta agora “trabalhar na logística e [em] todos [os] passos necessários para que o líder [da Renamo] possa sair das matas”, disse Gabriel Muthisse, chefe adjunto da delegação do Governo e ministro dos Transportes e Comunicações.

Afonso Dhlakama está em local desconhecido desde que, em Outubro de 2013, as Forças Armadas tomaram a base de Satungira, Sofala, onde viveu no ano anterior. O país tem vivido em situação de guerra não declarada, com confrontos esporádicos e frequentes ataques a colunas de viaturas, no centro, atribuídos a homens armados da Renamo.

As eleições presidenciais de Outubro, para a escolha do sucessor de Guebuza, serão disputadas por Filipe Nyussi, candidato da Frelimo; Dhlakama, pela Renamo; e Daviz Simango, do MDM (Movimento Democrático de Moçambique).

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