Festival de Toronto marca território e garante Ozon, Baumbach e Ed Zwick

Biopics e estrelas à procura de um comeback ou de uma transformação entre os primeiros filmes anunciados para o maior festival de cinema da América do Norte.

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Paul Dano em "Love & Mercy", sobre Brian Wilson e os Beach Boys DR
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Richard Gere em "Time Out of Mind", de Oren Moverman DR
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"The Theory of Everything", sobre o físico Stephen Hawking DR
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Al Pacino em "Manglehorn", de David Gordon Green dr
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Kate Winslet em "A Little Chaos" DR
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Roman Duris em "Une nouvelle amie" DR

Este ano, Toronto vai receber as estreias mundiais dos novos filmes de Noah Baumbach (While We Were Young, história de dois casais de diferentes idades protagonizado por Ben Stiller e Naomi Watts), de Ed Zwick (Pawn Sacrifice, sobre a lenda do xadrez Bobby Fischer, interpretado por Tobey Maguire) ou de François Ozon (o policial Une nouvelle amie, com Romain Duris). Num momento em que luta pela manutenção da sua crescente relevância e dois dias antes de saber o que lhe tinha sido “roubado” por Veneza, a organização do Festival Internacional de Toronto anunciou 60 títulos que farão parte de um conjunto muito maior de filmes (mais de 300) a exibir entre 4 e 14 de Setembro, destacando que os seus quatro primeiros dias serão dedicados apenas às estreias mundiais absolutas – e não revelando ainda o filme de abertura da 39.ª edição do festival.

Se o festival canadiano tem nos últimos anos surripiado estreias aos seus congéneres mais importantes, tornando-se palco principal do primeiro hype para filmes que caminham depois para os Óscares, o maior festival de cinema da América do Norte sofre também com a concorrência. O último grande premiado do Festival de Toronto foi 12 Anos Escravo. O filme faria do prémio canadiano o primeiro passo numa caminhada triunfante até aos Óscares, em Março, mas não foi ali a sua estreia mundial: o filme de Steve McQueen, cobiçado pelo Festival de Veneza (onde o artista plástico tornado cineasta tinha já estreado Vergonha em 2011) acabou por se estrear no Festival de Telluride (Colorado, EUA, apenas para profissionais) e depois é que viajou para Toronto. Ainda assim, Toronto conseguiu em 2013 ser o festival que chamou a atenção para O Clube de Dallas, de Jean-Marc Vallée - que regressa este ano com Wild, com Reese Witherspoon no papel de uma ex-heroinómana e romancista que faz parte da costa Oeste dos EUA a pé.

Toronto vai ter este ano biopics como o britânico The Theory of Everything, de James Marsh, sobre o físico Stephen Hawking, ou Love & Mercy, dedicado aos Beach Boys e em particular ao seu genial centro, Brian Wilson, que será interpretado por Paul Dano. Fundado em 1976, Distinguindo-se por ter o público como o seu grande júri e pelo facto de se ter tornado uma plataforma de vendas e distribuição importante - o número de profissionais do sector no festival tem vindo a crescer (rondou os 4700 em 2013) -, há quem garanta que o Festival de Toronto “é um barómetro infalível antes da temporada de Óscares”, como escreve a agência francesa AFP, ou, como o Guardian, que os primeiros filmes apresentados são uma vitória para a organização, outros peritos, como o editor de prémios de cinema da Variety Tim Gray, consideram que “Toronto ainda é um grande factor, mas já não é o factor-chave” nas campanhas dos estúdios para a época de prémios. Se Cannes continua a ser a força máxima de apreciação crítica e artística, Toronto será, a par de Berlim, um festival feito à medida para o equilíbrio entre o mainstream e alguma caução artística. Para o comprovar estão as estrelas mais ou menos em fase de comeback ou transformação que este ano vão encher a cidade - Richard Gere (no papel de um sem-abrigo), Adam Sandler (interpreta um pai viciado em pornografia) ou Kevin Costner (o avô branco que luta pela custódia do neto com a avó negra) -, bem como as que visitam Toronto com vários filmes - Benedict Cumberbatch ou Reese Witherspoon.

Ausente de Toronto está um punhado de títulos pré-candidatos às maiores distinções do cinema - Boyhood, de Richard Linklater, foi para Sundance e Berlim, os novos de Paul Thomas Anderson e David Fincher (Inherent Vice e Gone Girl, respectivamente) estreiam-se no Festival de Nova Iorque no final de Setembro e Foxcatcher, de Bennett Miller, estará em Toronto mas já depois de se ter estreado no palco maior dos festivais, Cannes. Mas o festival tem ainda os novos de Hal Hartley - Ned Rifle -, Al Pacino - Manglehorn, de David Gordon Green, e The Humbling, de Barry Levinson, baseado no último romance de Philip Roth -, Eden de Mia Hansen-Love, Coming Home, de Zhang Yimou, ou Rosewater, do apresentador do Daily Show Jon Stewart. O evento encerra com a estreia mundial de A Little Chaos, com Kate Winslet no papel de uma paisagista que desenha parte dos jardins de Versalhes para Luís XIV, interpretado pelo também realizador Alan Rickman. 

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