Carros não vão poder circular na Ribeira das Naus ao fim-de-semana e durante as férias escolares

No domingo, é assinalado o fim da segunda fase das obras nesta artéria da frente ribeirinha de Lisboa.

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A primeira fase da obra de requalificação da Ribeira das Naus foi inaugurada em Março de 2013 Rui Gaudêncio

O final da segunda fase das obras na Ribeira das Naus, em Lisboa, vai ser assinalado no domingo, com uma visita à Doca da Caldeirinha e à Doca Seca, estruturas centenárias que foram recuperadas no âmbito desta intervenção, e com um passeio de barco no Tejo. Mas a reabertura desta avenida ao trânsito, pela qual muitos automobilistas anseiam desde Abril, só vai ocorrer em Setembro, e mesmo aí apenas aos dias úteis.

Segundo foi anunciado esta quarta-feira pelo presidente da Câmara de Lisboa, durante uma reunião camarária que decorreu à porta fechada, a ideia é que esta artéria passe a estar fechada ao trânsito durante as férias escolares e os fins-de-semana. Para que, explicou António Costa numa mensagem transmitida ao PÚBLICO por um elemento do seu gabinete, “o maior número de pessoas, as crianças e as famílias, possam usufruir deste espaço espectacular”.

Os automóveis estão impedidos de circular no local desde o início de Abril, devido à realização dos trabalhos da segunda fase da requalificação desta zona ribeirinha. A Rua do Arsenal e a Rua da Alfândega foram as alternativas então apontadas pelo município.

Cerca de três meses volvidos, o presidente da câmara faz saber que considera que “os esquemas e os hábitos de circulação que têm vindo a ser experimentados permitem, para já, optar por esta nova solução”, em que os veículos motorizados só podem transitar na Avenida Ribeira das Naus entre segunda-feira e sexta-feira à noite. E apenas depois de terminadas as férias escolares recentemente iniciadas.

Segundo foi transmitido por um elemento do seu gabinete, a circulação na frente ribeirinha poderá ter de sofrer novas alterações num futuro próximo, à medida que forem avançando outras obras previstas para esta zona de Lisboa, nomeadamente a construção do novo terminal de cruzeiros de Santa Apolónia, a criação de um parque de estacionamento no Campo das Cebolas e a requalificação do espaço público do Cais do Sodré. “São intervenções que eventualmente irão implicar condicionamentos no eixo ribeirinho”, faz saber António Costa.

Miguel Barroso, que em Maio criou uma página no Facebook chamada “Ribeira das Naus SEM Carros”, na qual se fazia uma apelo à autarquia para que deixasse a Ribeira das Naus “para as pessoas”, considera que aquilo que agora foi anunciado “é um pequeno passo”. “Se calhar é capaz de ser suficiente para que se chegue à conclusão que é melhor estar sempre fechado”, diz o arquitecto, a cuja causa já se associaram mais de mil pessoas.

“O trânsito adapta-se sempre nestas situações. Há um fenómeno de evaporação de tráfego, as pessoas arranjam alternativa de transporte”, afirma, sublinhando que “é um lirismo achar-se que vamos poder continuar todos a ir de carro de um lado para o outro em Lisboa”. Miguel Barroso não tem dúvidas de que as restrições à circulação automóvel na Ribeira das Naus vão “melhorar a qualidade deste espaço nobre”, além de irem contribuir, numa perspectiva menos imediatista, para “diminuir o tráfego na zona central e antiga de Lisboa”.  

O arquitecto vai mais longe e defende que o desejável seria ir mais longe, e limitar-se a circulação na Rua do Arsenal a transportes públicos. “A Baixa deve ser tudo menos um local de atravessamento”, conclui Miguel Barroso.    

Já o vereador do CDS, João Gonçalves Pereira, diz ver com bons olhos a solução que vai agora ser introduzida na Ribeira das Naus. Mais cautelosos são Carlos Moura, do PCP, e António Prôa, do PSD.

O autarca comunista frisa que esta avenida de Lisboa “é uma via extremamente importante na ligação entre as zonas Ocidental e Oriental da cidade”, pelo que o seu encerramento só deve ocorrer se se encontrarem “boas alternativas”. “É muito interessante a possibilidade de as pessoas apropriarem-se daquele espaço ribeirinho, mas temos que ter algum cuidado”, diz Carlos Moura, acrescentando que “não se pode prejudicar a mobilidade por causa do lazer”.

“A ideia parece-me interessante à partida”, diz por sua vez António Prôa, sublinhando no entanto que há dois aspectos que precisam de ser esclarecidos pelo município: se foi feito algum estudo de tráfego que sustente a solução a adoptar e se as alternativas existentes são as adequadas.

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