Sete Psicopatas

A primeira longa-metragem de Martin McDonagh, Em Bruges, já revelava um gosto auto-complacente por uma estrutura narrativa a brincar aos espelhos consigo própria (e com os códigos do gangster movie), mas com os seus vilões apreciadores de pintura flamenga, e com uma paisagem pouco filmada (a cidade belga), aguentava-se relativamente bem sem fazer tombar a fasquia da decência mínima. Sete Psicopatas, na América, já não é “em Bruges”, é “em grande”: as fraquezas ampliam-se, as virtudes desaparecem da vista. Rodriguinhos sobre rodriguinhos, espelhos sobre espelhos, “meta-ficção” sobre “meta-ficção”, sem que alguma coisa (a narrativa ou as personagens) ultrapasse a caricatura. Tarantino nem é a melhor comparação, estamos mais naquele território “em desconstrução” que McTiernan tão bem explorou no mais incompreendido dos seus filmes, O Último Grande Herói. Mas o filme de McDonagh é o oposto desse, como que a confirmar que, por vezes, a “inteligência” de um argumento só resulta num filme “espertinho”.

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