Intervalo para publicidade

Women are Heroes vem assinado por JR, street artist de nacionalidade francesa e estrela em ascensão nesse domínio artístico, merecedor de comparações com a grande coqueluche da especialidade, o britânico Banksy (também ele, de resto, tornado “cineasta”). Como o título indica, é um elogio da força feminina, feito em sítios ou situações em que as mulheres, por diversas razões, têm tendência a não ser muito bem tratadas - das favelas do Rio aos confins de África ou do Sudoeste asiático. É também, de certa forma, o “documento” de uma operação mais vasta e mais propriamente “street-artística”, que levou JR a jogar com grandes imagens fotográficas de rostos femininos (as protagonistas do filme) implantadas em espaços públicos. Não se discute a bondade da proposta. Mas a sua tradução para filme é desastrosa.


JR não tem ideias para além do bê-a-bá: gente a falar para a câmara, com uns planos de lugar para enfeitar e dar ambiente, numa montagem enervante pelo constante matraquear de efeitos “videoclipescos”. Pior, JR encontra, num grande abraço pleno de ingenuidade, a estética publicitária contra a qual pretenderia (dizemos nós) reagir. O “apoteótico” final, uma grande coreografia de “massas” que até envolve um comboio, tem aquela euforia fraterna muito “we are the world” que se tornou - se não o era à partida - presa fácil para a digestão da publicidade. Meta-se lá um logo da Coca-Cola ou de uma companhia de telemóveis, fica igual. Um equívoco. E se não for um equívoco, pior ainda.

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