Jovem Adulta

Jason Reitman, realizador, e Diablo Cody, argumentista, voltam a fazer dupla depois de “Juno”, e o virtuosismo dela volta apenas a ser ilustrado pela execução dele. Cody está sempre a mostrar que sabe mais do que as personagens, que elas são “escritas” (por ela) - são sempre “clever”, o que é uma forma de a argumentista se exibir.


E como nesta história de regresso (impossível) e vingança à terra onde se foi infeliz Charlize Theron interpreta uma ficcionista, o filme e as personagens vão sendo afogadas por um jogo de ecos: todos estão sempre a dizer palavras escritas por outros. Há um momento em que alguém diz que a personagem de Theron (uma divorciada que chega à pequena cidade com o intuito de retomar o romance com o ex-namorado, agora casado, e que acaba por se estampar) e de Patton Oswalt (o “outcast” que as pequenas cidades permitem) parecem as personagens da série Will & Grace. Isso fica perto da verdade de “Jovem Adulta”, um filme que vai se vai conformando ao “espectáculo” das figuras, perdendo progressivamente a ligação com a “malaise” que as enforma. Teria sido necessário a Reitman contrariar Cody, em vez de a ilustrar. Resultado: torna-se fácil lidar com a infelicidade de Theron, que deixa de ser incómoda para o espectador, e a suposta recusa de “happy end” do filme fica menos como pulsão impediosa da personagem do que como gesto de argumentista. O que causa menos danos em quem vê e é menos admirável do que podia ser

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