Amigos Coloridos

A história dos melhores amigos que se tornam namorados já deu pano para mangas na comédia romântica e foi, aliás, responsável pelo último clássico imbatível do género ("Um Amor Inevitável", de Rob Reiner). Mas, a provar que a única coisa que torna uma fórmula intragável é mesmo uma execução displicente, vá de Will Gluck, Justin Timberlake e Mila Kunis injectarem frescura, leveza e energia na conceito, aproveitando de caminho para chutar para canto o assaz simpático "Sexo sem Compromisso" de há alguns meses.


Em comum a mesma premissa - dois melhores amigos que insistem em se limitar ao "sexo sem compromisso" quando toda a gente já percebeu (menos eles) que são o casal perfeito. O título português de "Amigos Coloridos" é francamente infeliz mas, no resto, a fita de Will Gluck ganha aos pontos à quase totalidade das comédias românticas dos últimos anos. Primeiro, graças a um guião que tem efectivamente piada, sobretudo no modo como sucumbe aos lugares-comuns da comédia romântica enquanto finge dar cabo deles.

Depois, graças ao ritmo acelerado e descontraído que impõe ao filme - o débito dos diálogos é uma coisa tão bem gerida que remete quase imperceptivelmente para o taco-a-taco da era de ouro da comédia americana (não chega lá, claro, mas que se esforce já não é mau). Finalmente, há o elenco: Timberlake e Kunis são um casal fotogénico que, acima de tudo, fazem os diálogos descolar e as personagens serem gente, com ajudas preciosas de um elenco de secundários de primeira água (Patricia Clarkson, Woody Harrelson, Jenna Elfman e o grande Richard Jenkins). Tudo somado à descontracção despretensiosa de quem não quer fazer mais do que uma boa comédia romântica torna "Amigos Coloridos" no melhor exemplo do género que vimos em muito tempo.

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