O Castor

Jodie Foster, é uma mulher que sabe muito bem o que faz, e "O Castor" (um argumento original de Kyle Killen que andava a circular por Hollywood como "brilhante mas infilmável") transporta todas as marcas da sua atitude reflectida e atenta, ao ponto de se recusar a passar juízos de valor morais às suas personagens: uma família que, de uma maneira ou de outra, anda a mentir a si própria sobre o que espera e sobre o que quer da vida.

Não é casual que seja Mel Gibson o intérprete do executivo suicida que atingiu o fim da linha; é, no entanto, pena que a sua reputação controversa dos últimos tempos manche uma interpretação (e uma personagem) que mereceria ser vista com outro distanciamento. É também verdade que Foster deixa o filme tombar num certo convencionalismo: a rebeldia do filho pré-universitário à beira de entrar na idade adulta (um excelente Anton Yelchin) parece pertencer a um outro filme - ou talvez fosse esse o preço de conseguir filmar esta fábula negra sobre a depressão e as muletas que encontramos para nos agarrarmos à vida. É fita francamente inteligente e sincera, que sabe falar de coisas sérias sem tomar o espectador por parvo. Parecendo que não, é coisa rara hoje em dia.

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