O Barão Vermelho

Admitamos que há qualquer coisa de simpático, mesmo de quixótico, em fazer hoje um filme sobre os ases da aviação da I Guerra Mundial e, sobretudo, sobre o lendário "Barão Vermelho", Manfred von Richthofen. O gesto é, ainda por cima, sustentado por uma primeira parte que apanha bem o espírito "blasé" dos jovens aristocratas que partiram para a I Guerra como quem parte para um safari africano ou para uma viagem à volta do mundo, e pelo modo como "O Barão Vermelho" desenha a perda desse entusiasmo à medida que a linhagem da Prússia imperial descobre a seriedade da guerra.


Só o que o gesto não chega - nem o gesto, nem esse espírito, nem o profissionalismo da produção - para salvar "O Barão Vermelho" do europudim telefílmico, com um elenco maioritariamente alemão a representar personagens alemãs que falam todas em inglês (ainda assim bom inglês, falado pelos actores e não dobrado em pós-produção), com uma progressão narrativa chapa-quatro quase pensada em função dos intervalos todos os 25 minutos. E, sobretudo, com batalhas aéreas competentes mas sem chama, quase inteiramente criadas em computador, que não conseguem transmitir a paixão do vôo de que Von Richthofen fala a certa altura - quando um filme sobre aviadores não é capaz de fazer passar esse deslumbre primordial dos primeiros pilotos, estamos mal.

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