Eu Amo-te Phillip Morris

O essencial de "Eu Amo-te Philip Morris" passa pela evidência da dificuldade extrema de construir veículos adequados para a "persona" de Jim Carrey, sem cair na repetição desordenada e soez de tiques, com a noção de que um grande actor necessita de material renovado e desafiador. Daí a existência desta comédia "gay" (grotesca e excessiva até aos limites da homofobia controlada e perigosa) que se esgota em todos os estereótipos, como se pretendesse emular um estilo "militante", que critica, sem, de facto, o entender plenamente.

O resultado é misto, algures entre a farsa inconsequente, sem lugar para mais nada a não ser a prestação desmesurada do protagonista (Ewan McGregor serve de "papel de embrulho", o que é um irritante desperdício), e a caricatura algo pateta de um "thriller" quase inexistente nas entrelinhas: os divertidos "gags" raramente encontram uma realização à altura das suas ambições representativas (porque o filme se revela ambicioso) e damos por nós esgotados pela repetição de fórmulas foleiras de um "drag show" sem grande sentido, nem a desejada densidade. E assim se perde a oportunidade de ultrapassar a mediania, como se queria demonstrar.

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