Ponto de Mira

O presidente americano é vítima de um atentado na abertura de uma cimeira em Espanha sob o olhar incrédulo de uma equipa de um canal de TV; e do agente secreto que é o seu guarda-costas; e de um turista americano a carpir a separação da mulher; e de um polícia espanhol que desconfia que há alguma coisa mal; e do próprio presidente; e dos responsáveis pelo atentado...

É o truque e o trunfo de "Ponto de Mira", aplicação prática da estética "Rashomon", do jogo vídeo na primeira pessoa, da TVmosaico tipo "24" e do "jornalismo do cidadão" ao cinema de acção: pegar no mesmo evento e vê-lo de tantos pontos de vista possíveis quantas testemunhas à situação existam. Sempre que muda de testemunha, o inglês Pete Travis faz "rewind" até ao ponto zero da acção e relança-a de outro ponto de vista, ao mesmo tempo que aproxima a câmara, faz "zoom" e chega mais perto da verdade sobre o atentado, com cada personagem a possuir dados diferentes que permitem ir completando o quebra-cabeças.

Tudo correria pelo melhor dos mundos se às tantas não se perdesse o fôlego. Primeiro, a meio do filme, o dispositivo começa a engonhar. Travis consegue recuperar o embalo e arranca para uma perseguição automóvel de antologia. Depois, nem a perícia formal nem a montagem trepidante de mestre Stuart Baird evitam um final onde o elástico da credibilidade parte. Nada de grave para o que não quer ser mais que um bom entretenimento de acção.

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