Número 23

A culpa, está-se mesmo a ver, é de David Fincher. Percebe-se logo no genérico de inspiração "Seven" e prolonga-se num guião que é um monstro de Frankenstein que recicla (tudo ao mesmo tempo agora) "Seven", "O Jogo" e "Clube de Combate" a partir de uma premissa que não deixa de ser apelativa: um pacato apanhador de cães ( Jim Carrey em modo contido) recebe de prenda de anos um estranho livro sobre um detective paranóico obcecado pela omnipresença do número 23, e começa a encontrar demasiados paralelos com a sua própria vida até ele próprio sucumbir à obsessão.

Mas o que começa como um mistério francamente intrigante, dirigido por Joel Schumacher com o seu habitual virtuosismo derivativo-"trash", termina num convencionalíssimo "thriller" moralista que desperdiça um excelente trabalho técnico e seresume a uma decepcionante revisitação de territórios estéticos e estilísticos desbravados por outros. Siga o próximo.

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