Mr. and Mrs. Zorro

Sete anos depois da "A Máscara de Zorro", que recuperou a figura do justiceiro mascarado para a época contemporânea, António Banderas e Catherine Zeta-Jones retomam o par que formaram no filme de 1998.

Previsivelmente, não é nada de especial - e a ninguém de bom senso ocorreria esperar que fosse desta que o melhor Zorro do cinema deixava de ser o que Rouben Mamoulian dirigiu em 1940 ("The Mark of Zorro", com Tyrone Power, filme onde a verdadeira aventura é "plástica"). Talvez menos previsivelmente, até se deixa ver sem demasiada maçada, apesar de ter mais de duas horas de duração; mas não abusa da pirotecnia nem das correrias a trouxe-mouxe e consegue manter alguma leveza e bom humor. Até parece ter vontade, nalgumas partes, de ser outro filme para além do obrigatório e rotineiro "filme de acção e aventura" - ser, por exemplo, uma "screwball comedy".

A acção passa-se em 1850. A Califórnia está prestes a aderir à União e o poder da nação americana desenvolve-se a todo o vapor. Coisa que não agrada a todos: uma organização que é uma espécie de ordem de cavalaria secreta cruzada com a Al Qaeda (e que é liderada por um francês) tem os seus planos para subjugar a emergente nação, recorrendo a métodos que só não são "terroristas" porque no século XIX ainda não se lhes chamava assim.

Zorro é agora um pai de família e a mulher quer que ele o assuma em vez de andar em mascaradas. Mas como Zorro ainda não está preparado para a reforma, a mulher zanga-se, separam-se, e ela mete os papéis para divórcio. Ou seja, Zorro terá pela frente duas lutas: uma contra a organização secreta que quer dar cabo dos EUA, outra, a que verdadeiramente lhe interessa, pela reconquista da mulher.

O que tem graça é isto, remeter a acção e a intriga para uma dimensão quase "subsidiária" da que é a real motivação das personagens, obrigar Zorro a ser um "action hero" com a cabeça permanentemente noutro lado, fazer da acção uma "chatice", um empecilho, mera formalidade que se preferia não ter que cumprir. Lá pelo meio há uma sequência de para aí uns vinte minutos em que o filme consegue assumir inteiramente este espírito - e aproximar-se, por entre mais ou menos tropelias, daquela fórmula clássica da "screwball" e da comédia romântica para que se encontrou a justa designação de "comédia do re-casamento". Não chega para salvar o filme de ser a coisa banal que é, mas pelo menos já não dá para dizer que não tem nenhuma surpresa.

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