Imensa desilusão

Após a labiríntica fusão de expressionismo, "noir" e FC ensaiada em "Cidade Misteriosa" (1998), aguardava-se com alguma expectativa o regresso ao convívio com um "autor de culto", Alex Proyas. Um reencontro que surge agora com este "Eu, Robot", livremente inspirado em Isaac Asimov.

O resultado? Uma imensa desilusão, que nos mostra o realizador enredado nas malhas da indústria, à frente de uma superprodução sem alma dominada pela presença demasiado "light" da sua vedeta, Will Smith. O cenário é um futuro em que os robôs são programados para obedecer e incapazes de causar mal aos seus "amos". Mas há um polícia tecnofóbico (Smith), encarregue de investigar um possível homicídio, convencido do contrário... Havia pano para mangas, mas as questões mais "filosóficas" - essência da natureza humana, diferença entre homens e máquinas - são rapidamente descartadas, em favor do espectáculo circense de um vulgar filme de acção. Sobra o talento de Proyas na criação de ambientes opressivos, o que neste caso conta para muito pouco.

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