Não chega a haver filme

Não adianta invocar para o vazio narrativo, bem como para a ausência de personagens e ideias de cinema, os pergaminhos antigos de Ruy Guerra, nome grande do Cinema Novo Brasileiro, para o qual contribuiu, pelo menos, com duas obras maiores, "Os Fuzis" e "Os Cafagestes".

Nada neste demagógico panfleto remete para a secura e para a dureza de tais marcos das "novas vagas". "Portugal S.A." é televisivo pelo imediatismo de consumo, que propõe, e oportunista, porque se esconde sempre por detrás da rábula fácil para satirizar. Por exemplo, em "Tráfico" de João Botelho punha-se em questão, com imaginação e inteligência, os ridículos e os podres da "choldra" nacional. Em "Portugal S.A." não há paródia cinematográfica, simplesmente porque não chega a haver filme.

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