Um lado demasiado artístico

Mais um actor, George Clooney, cede à tentação de passar para o lado de lá das câmaras e, como primeiro filme, "Confissões de uma Mente Perigosa" possui muitos e discretos charmes: um argumento "clever", apanágio e marca de Charlie Kaufman, uma truculenta montagem, um elenco de luxo (o próprio Clooney, Drew Barrymore, Julia Roberts e Rutger Hauer), com destaque óbvio para a grande composição de Sam Rockwell, no "secreto" Chuck Barris.

Há um lado demasiado artístico nesta comédia sem gargalhadas nem excessos, mas existe também a capacidade para lançar um olhar sardónico sobre a complexa figura do produtor-apresentador televisivo, investido de actividades policiais. A ascensão e queda de um agente da CIA ("inventor" dos antepassados dos "reality shows" e assassino de 33 pessoas) tem excelentes motivos para se transformar em história de proveito e exemplo. O que a realização distante e pouco interveniente de Clooney faz é sublinhar-lhe a ironia e o cariz contraditório.

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