Homens à beira do desespero

Percebe-se mal a surpresa generalizada perante este filme (candidato espanhol ao Óscar de melhor filme estrangeiro), elevado a contraponto exemplar de Almodóvar, como se o cinema espanhol tivesse subitamente descoberto o realismo social.

Aranoa segue o quotidiano de um grupo de homens à beira do desespero, lançados no desemprego depois da venda de um estaleiro naval - e filma sem complacências nem miserabilismos (única nota dissonante: a banda sonora, embalada no dramatismo do tango), que é, afinal, a única forma justa de filmar. De resto, tem no centro Javier Bardem, em auto-apagamento (bruto, envelhecido, anafado), confirmando o grande actor que já víramos em "Antes que Anoiteça".

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