Gus Van Sant continua a ser uma referência para o cinema independente, apesar das suas incursões, nem sempre muito conseguidas, pelo "mainstream".

O problema maior deste "Gerry" passa precisamente por essa necessidade de sublinhar marcas de estilo, menos do que por imitar quem quer que seja: a homenagem explícita a Bela Tarr não impede um muito diferente tratamento do espaço e sobretudo uma relação absolutamente diversa com a figura humana, com o extraordinário actor que é Matt Damon, para quem ainda tivesse dúvidas. O desespero surdo, a desértica desolação encenada como um último refúgio, são remissões claras para o melhor Van Sant, o de "Drugstore Cowboy", "My Own Private Idaho" ou "Psycho".