Economia dos sentimentos em tempos de crise

O mais conseguido desta incursão de Rohmer pelos meandros da Revolução Francesa é o sublinhar da infinita capacidade do cineasta para, dentro da maior coerência autoral, continuar a experimentar em termos plásticos e narrativos.

Existe a mesma verve das suas comédias dramáticas, pode apontar-se-lhe semelhante olhar conservador, quando não reaccionário; persistem, acima de tudo, uma alegria de filmar e uma inteligência aguda para encenar a economia dos sentimentos em tempos de crise. Bastariam os cenários computorizados, a recrearem um mundo de litografia antiga, ou a belíssima sequência da revista da alcova, quando a protagonista esconde um anti-revolucionário, prodígio de contenção e de simplicidade narrativa, para tornar este filme em objecto de visão imprescendível.

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