Não é preciso ser-se um "minnelliano" incondicional para se ficar rendido perante este poderosíssimo melodrama. Não há muitos assim, em todo a história do cinema. A graça toca tudo e todos: da refinadíssima "mise en scène", com aquele trabalho inqualificável sobre a luz e as gradações cromáticas (no que toca à cor, Minnelli foi um dos maiores cineastas experimentais de todos os tempos), aos fabulosos actores - não serão estes os papéis da vida de Shirley McLaine, Sinatra e Dean Martin? É extraordinário como eles (e Minnelli, e o filme) assumem aquilo que todos sabem mas nem todos têm coragem de assumir: que para se ser verdadeiramente tocante é preciso ser-se um pouco patético. É essa fragilidade, essa fractura emocional exposta, que faz com que "Deus Sabe Quanto Amei" doa tanto. E é um filme de crepúsculo, desse ano de 1959 em que quase toda a gente parecia perceber que se estava a chegar ao fim de qualquer coisa.
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