É preciso perdoá-lo, porque não sabe o que faz

O épico não é o que era, pelo menos desde que Kevin Reynolds ("Robin dos Bosques, Príncipe dos Ladrões", "Waterworld") se dedicou a adaptá-los ao cinema. "O Conde de Monte Cristo" é a sua última amostra de como se transforma um épico em "compelling entertainment" (algo como "entretenimento irresistível"): retira-se-lhe o fundo e serve-se um "cocktail" de acção-romance-humor que nivela tudo pelo cabotinismo. Onde o romance de Dumas é um olhar sobre a natureza da vingança, esta adaptação prima pela descaracterização, não só pela unidimensionalidade das suas personagens, mas também pela linearidade da sua narrativa, eliminando as eventuais subtilezas do texto. A versão de Reynolds limita-se a fazer a apologia simplista do triunfo da justiça sobre a vingança, do amor sobre o ódio. Mas é preciso perdoá-lo, porque não sabe o que faz.

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