Forte e icónico

Depois de uma peça cinematográfica, explorando os "saltos" de montagem e o formato largo, marcado no palco, um filme teatral, com a prodigiosa construção de um simulacro de real, povoado por actores nos mais pequenos papeis ou simplesmente como figurantes. Forte e icónico, "António, um Rapaz de Lisboa" consegue alguns pequenos milagres: uma Lisboa de luz e sombra que se parece connnosco, uma Sevilha de memória e salero provocado, em contraponto. Mais do que tudo, a confirmação de Manuel Wiborg como actor de cinema, a revelação do malogrado Paulo Claro, melhor no ecrã que no palco. E, sobretudo, a genialidade de Lia Gama, a fazer-nos lamentar o tempo perdido: que cinema é este que se deu ao luxo de desaproveitar uma actriz assim, luminosa e complexa, capaz de apagar tudo, à sua volta, no que seria supostamente um mero papel de composição?

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