O melhor de "A Vida Sonhada dos Anjos" é a ideia ? partilhada por toda uma "família" do cinema francês que teria o seu fundador em Pialat ? de que cada filme e cada ficção têm que lutar para se inscreverem no mundo, e que essa inscrição comporta sempre alguma brutalidade. "A Vida Sonhada dos Anjos" é por isso um filme "rugoso", construído num registo onde o naturalismo é permanentemente tenso e parece estar à beira da explosão. Se no entanto se fica com a sensação de que Erick Zonca só acertou em "meio filme", é porque o cineasta se deixa enredar nalguns rodriguinhos romanescos, à mistura com um mal disfarçado discurso sociológico ? uma coisa e outra afectam sobretudo a personagem de Elodie Bouchez ?, que ameaçam curto-circuitar-lhe o projecto. O "meio filme" em que Zonca acerta seria assim o da personagem de Natacha Régnier, onde há muito mais "sombra" e muito mais inexplicabilidade, e consequentemente muito mais fascínio e muito mais perturbação.
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